A nova urgência é desacelerar

Nos últimos três anos, tenho vivido um processo intenso de reflexão sobre o meu ritmo. A aceleração da vida empreendedora, os compromissos, os eventos, os grupos, as redes sociais — tudo parecia urgente. E eu, como tantas outras mulheres empreendedoras, fui sendo levada por essa corrente de fazer mais, estar em todos os lugares, responder a tudo, produzir sem parar.
Mas, aos poucos, comecei a perceber algo desconfortável: quanto mais eu acelerava, menos eu me sentia presente. Estava produzindo, sim, mas com criatividade esgotada; online o tempo todo, mas sem foco; rodeada de estímulos, mas longe de mim mesma.
Passei a observar meus próprios hábitos. Me dei conta do quanto o Instagram, o WhatsApp e outras redes estavam consumindo meu tempo — e, mais do que isso, drenando minha energia criativa. A produtividade não estava sendo sabotada por falta de ferramentas, mas por excesso de ruído.
E comecei a mudar.
Faz dez dias que comprei um despertador à pilha. Uma coisa tão simples, mas que tem transformado meus dias. Agora, deixo o celular fora do quarto à noite. Ele dorme na sala. Eu durmo em paz. Não há notificações piscando. Não há tentação de “só dar uma olhadinha” antes de dormir ou ao acordar. Meu sono melhorou. Meu pensamento também.
Tenho buscado aceitar que não preciso estar em tudo. Que não estar em um evento, uma live, um grupo, não significa estar por fora — significa me respeitar. Que participar de tudo não me garante absorver tudo. Então, por que insistir?
Se eu não absorvo, se eu me esgoto, o que estou ganhando?
Passei a valorizar mais o meu descanso. Um fim de semana em casa, com um bom livro, sem agenda, sem obrigação social, tem sido um dos melhores investimentos que posso fazer na minha saúde mental e corporal.
Antes, eu postava e achava que precisava responder todo mundo. Agradecer, reagir, interagir. Hoje, com carinho e honestidade, peço desculpas por não conseguir mais. Tem gente que vai entender. Tem gente que não. Mas eu sou humana. E hoje eu escolho me preservar.
Escrevo isso porque vejo muitas mulheres ao meu redor vivendo o mesmo dilema. Tentando conciliar os múltiplos papéis, querendo acompanhar tudo e todos, se comparando o tempo todo com outras mulheres que parecem dar conta de tudo com leveza.
Mas a verdade é que não estamos dando conta. E não precisamos dar.
A calma é o novo luxo. A presença é a nova prioridade. A saúde emocional é o verdadeiro sucesso.
Desacelerar não é desistir. É escolher viver com mais intenção. Com mais verdade. Com mais equilíbrio.
Se você, como eu, está tentando se libertar desse ciclo de excesso, quero te dizer que não está sozinha. E que está tudo bem dizer “não”, descansar, se priorizar.
A vida que vale a pena viver começa quando a gente decide parar de correr atrás de tudo — e começa a caminhar em direção do que realmente importa.
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