Entre filtros e sorrisos

Eu sempre tive uma relação de amor e desconfiança com as redes sociais. Como empreendedora e fundadora da Donadelas, a rede social que criei para fortalecer conexões genuínas entre mulheres, percebi o quanto o digital pode ser tanto uma ferramenta de empoderamento quanto um espelho distorcido da realidade.

Observar os feeds impecáveis das amigas, acompanhar as últimas tendências do Instagram e tentar se manter atualizada com os inúmeros grupos e eventos pode ser exaustivo. Por mais que tentasse, nunca consegui me adequar ao ritmo frenético dessas plataformas. A verdade é que a sensação de estar sempre um passo atrás, de não ser suficientemente boa, começou a pesar.

Decidi então fazer algo radical: desinstalei todos os aplicativos de redes sociais, exceto o da Donadelas. Por quê? Porque lá, não há filtros, trends, stories que me obrigam a consumir conteúdo sem fim. É um lugar onde posso entrar, ler um artigo, dar uma olhada no feed e sair em menos de dez minutos. Sem comparações, sem a pressão de ser perfeita.

Existe uma coisa curiosa sobre a perfeição nas redes sociais: ela é sedutora. Vemos postagens cuidadosamente curadas onde tudo parece perfeito – refeições saudáveis, rotinas de exercícios exemplares, festas incríveis. No entanto, esse excesso de exposição esconde muitas vezes o oposto do que é mostrado. A necessidade de fazer parecer que tudo está sempre bem pode ser um sinal claro de que alguém está apenas fingindo ser feliz.

Esse fenômeno não é apenas comum; é uma armadilha. Quando só vemos os destaques, os momentos de sucesso e alegria, começamos a acreditar que nossas vidas deveriam ser assim o tempo todo. Mas a verdade é que a vida real é feita de altos e baixos. As imperfeições, os desafios, as pequenas bagunças do dia a dia são o que nos tornam humanos.

Desconectar das expectativas irrealistas das redes sociais me ajudou a reavaliar o que realmente significa felicidade para mim. Não se trata de quantas curtidas recebo, ou quantos seguidores tenho. Felicidade é estar satisfeita com quem sou, é cultivar relações verdadeiras, é estar presente nos momentos, grandes ou pequenos.

Aprendi que, ao invés de aspirar à perfeição, devemos buscar autenticidade. Ser autêntico significa aceitar suas imperfeições e se sentir confortável em sua própria pele. Significa também não ter medo de mostrar vulnerabilidade. Ao compartilhar nossas verdadeiras experiências, com suas falhas e tudo mais, podemos criar conexões mais profundas e mais significativas.

Encerro este artigo com um convite à reflexão. Da próxima vez que você se pegar comparando sua vida com a de alguém nas redes sociais, lembre-se de que você está vendo apenas uma parte da história. Todos nós temos nossas lutas, e está tudo bem em não ser perfeito. Vamos valorizar as pequenas coisas, as imperfeições que nos fazem únicos, e encontrar beleza na autenticidade da vida real.

Viver sem a pressão de aparentar perfeição é uma forma mais saudável e verdadeira de experienciar o mundo. E você, está pronta para desligar os filtros e viver uma vida mais autêntica?

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Comentários

  1. Perfeito Ely. Nesse mês de abril ao completar 59 anos refleti exatamente sobre isso. O quanto as redes sócias tem me tomado um tempo precioso. E o quanto venho perdendo com tudo isso… também acho muito triste ter que perguntar se posso ligar para alguém, pedir desculpas pelo áudio e o quanto é triste ver amigos estarem do teu lado e não estarem com você e sim mexendo no celular 😢
    Se hoje não tivesse uma loja on line faria o mesmo que você 😄