Tapiocaria inovadora

Há alguns dias tive a oportunidade de conhecer uma microempresa tradicional, mas cheia de inovações que está fazendo diferença na região em que se estabeleceu e gerando dividendos.
Trata-se de uma Tapiocaria. E aí vem a pergunta: dá para ser diferente num negócio tradicional e repleto de concorrentes? Claro que sim.
Todo mundo sabe que no Nordeste do Brasil a tapioca (ou beiju para os maranhenses e baianos) faz paz parte da alimentação básica de muita gente. E ela já virou patrimônio em muitas localidades. É um modelo de negócio relativamente simples. A pessoa precisa da matéria prima (tapioca), um fogão, frigideira e uma boa tapioqueira. Simples, não é? Nem tanto. Para se estabelecer no mercado a empresa precisa se diferenciar. E não importa o porte, o setor ou segmento.
E assim aconteceu com a Tapioca do Irmão Firmino, na Paraíba. Experiência como essa muitos de vocês já devem ter vivenciado, mas achei interessante compartilhar, especialmente por se tratar de uma microempresa e um negócio tradicional.
E o que tem de inovador?
Podemos dizer que o Irmão Firmino inovou em produto, processo e marketing.
O Produto:
– O cardápio oferece mais 50 tipos de tapiocas diferentes. Na sessão frango tem inúmeras variações. E assim vai com as sessões de carne de sol, bacon, ovos, tapiocas doces e muito mais. O polvilho e o tempero dos recheios são de excelente qualidade e seguem o mesmo padrão.
O processo:
– A organização do processo inicia quando o cliente entra. Ele escolhe o tipo de tapioca (num cardápio físico, pois muita gente prefere assim) e se dirige ao caixa, que registra o pedido e o pagamento e passa para a cozinha de forma digital. O pedido é recebido eletronicamente por tapioqueiras dispostas em uma bancada com vários fogões e nichos com os recheios e temperos prontos (no modelo Spoleto). Tapioca pronta o pedido é anunciado num painel eletrônico, acompanhado de um sonoro. O cliente recebe a tapioca em outro balcão. Após o consumo, os garçons recolhem os pratos e segregam os resíduos (lata, vidro e lixo orgânico). Acho que deveria ter um container para o próprio cliente segregar, mas não sei se todos teriam essa consciência. Os pratos são deixados em outro lado, no mesmo balcão de recebimento da tapioca, para serem lavados. Existem melhorias no processo? Sim, mas o certo é que está dando certo e ele está gerando vários empregos.
O Marketing:
– Na estrada existem vários cartazes e um outdoor anunciando a tapioca. O estacionamento é bem organizado. O visual do espaço de atendimento é primoroso, utilizando arquitetura típica do Nordeste (tijolinhos de barro e bancadas em madeira). No interior, várias gondolas expõem produtos regionais (de parceiros). O cardápio físico é simples, mais bem elaborado e colorido. O empreendimento está localizado em dois pontos na BR, um no sentido de ida e outro na vinda (para não perder clientes). No Instagram ele se apresenta como a “melhor tapioca do Brasil”, bem modesto (risos).
São vários outros detalhes, que não cabem aqui. O importante de tudo é que, com organização e medidas simples você pode inovar seu pequeno empreendimento e fazer sucesso.
Existem oportunidades de melhorias? Sim. Sempre tem. E com o tempo elas vão surgir.
Uma curiosidade. No final de uma tarde de sábado, contamos 6 tapiocarias fechadas e 2 outras abertas, em seu entorno. Só a do Irmão Firmino estava lotada. É sempre bom lembrar: nós clientes, gostamos de conforto, bom atendimento, conveniência, opção de escolha e bom atendimento. E isso vale para qualquer tipo de negócio.
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