O que é inovação aberta?

Como as empresas podem continuar relevantes e competitivas quando tudo no mundo está mudando?

Acho que já fiz essa pergunta aqui. E a resposta é bem curta: está na capacidade que as empresas têm de inovar.

Algumas empresas imaginam que inovar está diretamente associada à aplicação de grandes recursos e acabam não investindo, por receio de ficarem descapitalizadas. Mas atualmente existem muitas outras formas de inovar, de modo colaborativo e utilizando recursos e tecnologias de empresas parceiras, clientes, fornecedores, startups, institutos de pesquisas, dentre outras empresas.

Esse formato, digamos compartilhado, de inovar é chamado de Inovação Aberta. Esse conceito representa uma quebra de paradigma para muitos empresários, que ainda consideram que inovar é um processo sigiloso e individual.

O termo Inovação Aberta ou “Open Innovation” surgiu do pesquisador da Harvard Business School, Henry Chesbrough, que afirmava que nenhuma inovação aberta acontece de forma independente, pois o conhecimento útil está distribuído entre diversos atores.


“Conceitualmente, é uma abordagem mais distribuída, participativa e descentralizada da inovação, baseada no fato de que o conhecimento útil hoje está amplamente distribuído e nenhuma empresa, por mais capaz ou grande que seja, poderia inovar de forma eficaz por conta própria.”

Em tese, neste formato, a inovação só ocorrerá se a empresa compreender que sozinha ela não é capaz de promover todas as mudanças que almeja. É necessário que a empresa reconheça que existem outras empresas ou profissionais com maior conhecimento fora de sua estrutura.

Quando a empresa busca esse modelo de inovação está praticando uma mudança de mindset interna. Está comprovado que esse modelo colaborativo disruptivo só traz benefícios para todos os envolvidos, gerando valor para os negócios.

E quais são os tipos de inovação aberta?

A literatura cita que existem dois principais tipos: a de entrada e a de saída.

Na inovação aberta de entrada envolve a introdução de tecnologias externas para dentro da empresa, incorporando-as ao processo de inovação.

Na inovação aberta de saída a empresa busca isoladamente incrementar seus processos utilizando seus recursos internos. Neste caso, eventualmente a empresa compartilha a tecnologia desenvolvida e permite a sua incorporação por terceiros.

Para o pesquisador Henry Chesbrough “é o seu modelo de negócio que vai determinar o tipo de informação que sua empresa vai buscar ou vai deixar sair”.

Algumas empresas ainda acreditam que ao compartilhar informações sobre seu negócio estarão perdendo o domínio dele. É importante saber que a empresa não é obrigada a compartilhar tudo e que o processo colaborativo deve ser bom para todas as partes envolvidas.

A inovação aberta de entrada é também conhecida como Inbound, em que a empresa explora e incorpora conhecimentos externos para melhorar a tecnologia interna. Nesta modalidade a cooperação com empresas, universidades, startups ou parceiros é essencial, do contrário não haverá resultado.

A inovação aberta de saída é também conhecida como Outbound, em que a empresa produz a tecnologia e a transfere em processos abertos de exploração, para corporações externas. O objetivo é gerar receita com a cessão do direito de uso de propriedade intelectual, através de licenças ou mesmo venda de patentes.

Praticar a Inovação Aberta pode trazer inúmeros benefícios às empresas que optam por esse modelo de compartilhamento de inovação. Dentre eles podemos citar alguns:

Redução dos Riscos

Inovar internamente e lançar um produto novo no mercado envolve riscos e altos investimentos. Quando o processo é colaborativo é possível a empresa ter uma visão ampla do mercado e trabalhar com dados mais confiáveis, afinal os cuidados estão compartilhados com todos os envolvidos no processo de inovação.

Redução do tempo e custos para inovar

Os custos com pesquisa e desenvolvimento, normalmente, são muito elevados. A busca de parceiros fora da empresa tende a reduzir os custos e, consequentemente, o tempo para produção de um produto ou processo inovativo. A utilização de uma rede colaborativa de instituições pode acelerar o processo de criação e produção, tornando a empresa mais ágil e competitiva no mercado, especialmente frente à concorrência.

Estímulo ao networking

Num processo de inovação aberta, é inevitável que a empresa não se conecte a um grupo de profissionais de outras áreas, empresas, institutos de pesquisa, startups, dentre outros. Essa conexão promove transferência de conhecimento e mudanças no mindset organizacional.

Aumento no retorno sobre o investimento (ROI)

Todos os fatores anteriores contribuirão diretamente na redução do investimento. Afinal, inovar de forma mais ágil, com custos e tempo reduzidos impactará diretamente e positivamente no caixa da empresa.

A inovação aberta comprovadamente pode revolucionar seu modelo de negócio, aumentar a sua competitividade e gerar valor para a marca. Além de tudo é uma grande oportunidade de gerar parcerias lucrativas.

Existem alguns modelos práticos aplicáveis a todos os portes e segmentos empresariais. O primeiro passo é buscar a conexão correta com os parceiros, a partir dos resultados que desejar alcançar no processo de inovação de sua empresa.

Uma forma rápida é iniciar um relacionamento com uma startup. Elas podem gerar soluções para problemas específicos de uma empresa. Outra forma é investir em uma startup para que ela desenvolva produtos ou serviços para o mercado, que possam ou não ser incorporados à empresa. Neste caso a empresa passa a ser um investidor e isso poderá trazer bons resultados.

Outro modelo prático são os Hackathons, em que a empresa promove um evento com a participação de profissionais ligados à tecnologia, numa espécie de maratona, com o objetivo de gerar soluções para problemas desafiadores, em um curto espaço de tempo. Os Hackathons podem ser ainda realizados com os próprios colaboradores da empresa na resolução de desafios estratégicos que poderão contribuir para o sucesso da empresa. Esse modelo pode ainda ser aplicado com a participação de clientes, que podem também promover feedbacks à empresa.

Em suma, a inovação aberta pode ser uma fonte de receita para a empresa, pois oferece a possibilidade de ela não ficar presa a um modelo de negócio tradicional. Vale a pena pensar nessa possibilidade.

Abra a sua empresa para a inovação e para o mercado.

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