Não há filtros para a vida real: precisamos aprender a conviver com a diversidade

Desde que iniciei o trabalho para implantar a Donadelas, uma rede social para mulheres empreendedoras, tenho que responder alguns questionamentos relacionados à inclusão ou não de homens tanto na rede quanto na composição dela.

Tenho um ponto de vista bem particular em relação a isso e gostaria de expor aqui esse pensamento, que claro: pode mudar com o tempo e com outros argumentos que eu estou disposta a ouvir, mas o fato é que hoje, não vejo problema em aceitar a diversidade de gênero em nossa rede e em outras plataformas que se propõem a trabalhar para o universo feminino.

A rede foi feita sim para mulheres empreendedoras. É uma rede de nicho, toda a comunicação está no feminino e temos 99% de usuárias atualmente, do sexo feminino. A ideia é que essas mulheres se conectem entre si, se preparem, aprendam com as trocas de experiências, façam vendas e compras reais, se aperfeiçoem mais e mais para atuarem competitivamente num ambiente de negócios; que muitas vezes é predominantemente masculino.

Desenvolvemos uma plataforma com foco em mulheres porque entendemos a importância de fomentar apoio e investimentos para o empreendedorismo feminino. Mas proposta não é formar uma bolha. Isso significa que não vamos ignorar conhecimento, investimentos, e/ou recursos provenientes do universo masculino. O objetivo é fortalecer as competências das mulheres empreendedoras para ampliar seus negócios de forma que se tornem financeiramente sustentáveis e prósperos; e isso inclui estimular conexões positivas; então, não faz sentido defender uma causa que não existe: um mundo formado apenas por mulheres.

Por que estou explicando isso? Porque algumas pessoas imaginam que ter como valor a Sororidade (estímulo à união entre as mulheres), significa que não podemos nos relacionar, contratar, conviver ou mesmo reconhecer a contribuição dos homens dentro de um grupo que fomenta a força feminina. Uma coisa não exclui a outra. Eu posso sem dúvida, desenvolver e lutar por um ambiente com mais sororidade e ao mesmo tempo me preparar para conseguir financiamento de homens investidores, ou buscar soluções de um especialista numa determinada área, para posteriormente ter mais ideias inovadoras no meu negócio.

Enquanto o discurso ficar preso na questão do gênero, perdemos em integração, criatividade e produtividade. Não quero diminuir aqui a realidade histórica das mulheres: ainda possuímos menos espaço no mundo corporativo e empreendedor, ainda somos minoria na tecnologia, em postos de liderança nas grandes empresas, em questões salariais… a realidade ainda está longe de ser igualitária, eu sei, mas já melhoramos em relação à última década. E vamos melhorar ainda mais quando aprendermos a fazer interações harmoniosas com todos os sexos, raças, etnias.

A chave de nosso crescimento pessoal e profissional está nisso: estabelecer conexões inteligentes, e ao mesmo tempo humanizadas, com empatia e congruência. As mulheres serão cada vez mais competitivas quanto mais se exporem à realidade do mercado diariamente. Não há filtros para a vida real.

É urgente desenvolvermos maior consciência de que podemos ser mais fortes juntas, que podemos ajudar sim umas às outras, dentro de uma rede estruturada como a Donadelas, ou em outras plataformas e perfis que têm propostas semelhantes.

Porém, precisamos nos preparar mais, e com argumentos mais sólidos, para aprendermos a aproveitar as oportunidades que surgem diariamente no mercado, sejam estas oferecidas por quem for. Isso sim é desenvolver nosso poder, nossa competitividade. Quando formos capazes de darmos as mãos umas às outras sem excluir ninguém, e a vibrar com as conquistas de mulheres que nem conhecemos, aí sim, a sororidade se apresentará em sua melhor versão.

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