Não gaste vela boa com defunto ruim

Ouço essa frase desde pequena, uma das muitas que meu pai gosta de utilizar no dia a dia, e que acabei absorvendo para minha vida também.

Serve para exemplificar uns cem número de situações, mas vou me ater a algumas que vivenciamos no dia a dia de negócios, reforçando que empreender não é de todo modo ruim ou impossível, mas sem dúvida alguma, está longe de ser fácil…

Vela 1 – Funcionária Ingrata

Uma amiga empresária na área de produção de alimentos congelados, estava muito chateada por conta de um episódio ocorrido com uma funcionária.

Para contextualizar, é importante saber que a empresária pagou escola do filho dessa empregada por dois anos, deu de presente uma geladeira, uma cama e ainda deu o valor da entrada de uma casa que a funcionária comprou.

Até aí sem problemas, ela quis ajudar, gostava da funcionária, ok. A mágoa da empreendedora é que depois de 10 anos de trabalho na empresa, ao pedir demissão para ir para outro emprego, a funcionária “foi na justiça procurar seus direitos” porque percebeu que no documento de rescisão, faltavam 6 horas extras a serem pagas. E claro, aproveitou para rechear o processo com situações que não condiziam com a verdade. Detalhe, a empregada além de perder, ainda levou uma bronca do juiz, pois ficou evidente a má fé.

Vela 2 – Fornecedora Esperta

A situação é semelhante, mas muda a relação de parceria. Desta vez, uma fornecedora de outra empresa, necessitava comprar uma bicicleta (a do seu marido fora roubada). Como estava sem dinheiro, explicou o problema à empresária (sua cliente), que compreendeu tudo e se dispôs a ir à loja, num sábado, com a fornecedora, efetuando o pagamento da bicicleta, cujo valor seria descontado à medida que a fornecedora fosse entregando as mercadorias.

Isso se repetiu para a compra de uns tijolos para reforma da casa e meses depois, a compra de um aparelho de som. Ao fim disso tudo, fornecedora continuou entregando os pedidos sem problemas, e tudo foi quitado.

Num dia em que a empresária estava viajando, era o dia de entrega de mercadorias, porém o cartão da empresa havia vencido. A empresária então orientou à gerente que informasse à a fornecedora sobre esse imprevisto, mas que ela poderia deixar as peças e em 4 dias voltar para receber o dinheiro (era uma condição da fornecedora só receber em dinheiro, nunca por transferência), uma vez nesses quatro dias, tudo seria resolvido.

A questão foi que a fornecedora se negou a deixar as peças, alegando que como não tinha como receber na hora, ela preferia voltar em quatro dias e entregar a mercadoria e receber na mesma hora.

Vela 3 – Fabricante Gananciosa

Uma empreendedora que fabricava bolsas de excelente qualidade, era simpática, conversadora, e sempre interessada em aprender novas técnicas e layouts.

Uma de suas clientes era uma empresa com bom nome no mercado e suas bolsas vendiam muito bem. Toda semana a empresa encomendava, pagava metade do valor no pedido e na semana seguinte, recebia as peças, pagava o restante e repetia o processo.

Qual era o diferencial? As bolsas produzidas eram completamente diferentes, pois quem as desenhava e pagava por todas as peças piloto antes de irem para a produção, era a própria cliente, que queria se diferenciar dos concorrentes no mercado. Portanto, o acordado entre as duas partes era que esses modelos de bolsas seriam produzidos exclusivamente para essa cliente e mais ninguém.

Imagino que vocês já sabem o que aconteceu… Um belo dia, a empresária vê sua coleção exclusiva na vitrine da loja da concorrente. Chama a fabricante para conversar, ela por sua vez, inventa desculpas, se finge de desnorteada, mas no fim acaba reconhecendo que produziu e vendeu porque a concorrente estava fazendo pedidos em grandes quantidades. Rompe-se aí o contrato. A cliente perde, a fabricante não se abala porque pensa que saiu ganhando.

O curioso disso tudo é que 4 meses depois, a empreendedora volta e procura a empresária pedindo ajuda, porque, aquela lojista que prometeu muitas compras, lembra? Pois bem, ela fez um pedido imenso, não pagou nada de entrada, a fabricante feliz por conta do volume, investiu seu dinheiro para produzir, e quando foi entregar, a lojista desistiu da compra, alegando vendas fracas.

Moral das histórias

Nunca mais se ouviu falar dessas pessoas nas respectivas empresas em que essas situações aconteceram. Detalhe importante: essas empresas passaram por situações difíceis, mas continuam no mercado, prosperando.

O que o comportamento dessas pessoas acima têm em comum? Estão interessadas no lucro a curto prazo, e desprezam relacionamentos a longo prazo.

Verifique se a pessoa que você vai fazer algum tipo de negócio ou parceria, merece todo o investimento, tempo e atenção que você quer fazer. Um relacionamento, seja ele qual for, familiar, pessoal ou comercial, deve ter como base o respeito, transparência e empatia. Saber ceder um pouco hoje para que todos saiam ganhando, é essencial para que as relações sejam duradouras.

Agora faça uma reflexão sincera, avalie seu comportamento diante das parcerias que você faz e responda para você mesma: Vale a pena gastar uma vela boa com você?

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