A traição e o eco
De novo nos deparamos com um assunto que pulsou semana passada na Internet, dominando rapidamente as conversas no Twitter: a traição vivida pela cantora Luísa Sonza.
Shakira, em janeiro deste ano, ocupava o trending topic, implicada no mesmo tema.
E, buscando palavras para discorrer sobre um conteúdo tão amargo, lembrei-me da compositora que mais traduziu a dor causada por relações amorosas frustradas: nossa saudosa Marília Mendonça. Quem nunca cantou: “Iêêê, infiel / Eu quero ver você morar num motel / Estou te expulsando do meu coração / Assuma as consequências dessa traição…”, mesmo que nunca tenha sido traída?
A traição é um ato de violação da confiança para com outra pessoa. Ela ocorre quando alguém quebra um acordo, compromisso ou vínculo emocional que estava em vigor, muitas vezes prejudicando ou causando danos à outra parte.
Traição não é domínio do universo artístico. Muitas mulheres vivem essa experiência cotidiana, chorando sozinhas em seus travesseiros, com vergonha de contar para alguém, ou pior, sentindo-se culpadas pelo fato.
A traição é como um eco: mesmo quando o som original desaparece, o eco continua a ressoar na alma.
No contexto das relações humanas, a traição é uma questão complexa que tem raízes profundas na história da humanidade. Nas sociedades antigas, muitas vezes se permitia a prática da traição em certas circunstâncias e, em algumas culturas, a poligamia era uma norma.
Hoje cinco países no mundo têm a poligamia legalizada: Afeganistão, Camarões, Emirados Árabes, Nigéria, Líbano e Sudão. Novos grupos sociais experimentam outras formas de relacionamentos afetivos, como: o poliamor, quando existe a possibilidade de se estabelecerem várias relações sexuais e amorosas ao mesmo tempo, com a concordância de todos os envolvidos; ou a prática do relacionamento aberto, aquele em que um casal toma a decisão, em conjunto, de manter outras relações românticas ou sexuais, não sendo consideradas traição ou infidelidade. Tudo é permitido desde que haja um acordo pré-estabelecido.
Nas relações monogâmicas há um compromisso mútuo de manter o relacionamento e trabalhar para seu sucesso a longo prazo, tendo a fidelidade como um componente fundamental. Os parceiros concordam em ser exclusivos um do outro, logo não há espaço para um terceiro elemento.
A traição amorosa é um comportamento complexo e multifacetado que pode ser motivado por uma série de razões, porém a quebra de promessas é o que faz doer tanto. É o eco da dor.
Promessas são compromissos, declarações nas quais a pessoa assume fazer algo acordado. Promessas de cumplicidade, de amor, de vínculos. A lealdade como componente importante da relação, a disposição para permanecer fiel a alguém, mesmo em face de tentações, desafios ou conflitos. Promessas quebradas causam decepção, minam a confiança e afetam negativamente os relacionamentos.
Traição não é algo justificável e causa muito sofrimento. Deixa rachaduras que irão precisar de muito esforço e trabalho para a reconstrução emocional.
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