Sou do Mato

Brasil, país de extrema diversidade, em que se ecoa a grandeza cultural e características únicas de vários grupos sociais, há duas semanas, um jornalista já conhecido por cometer “gafes”, usou a expressão “esperando no meio do mato” para retratar a capital do estado do Pará aos seus colegas repórteres que aguardavam para entrar em uma transmissão ao vivo.

Espia só! Em rede nacional, um comentário que retrata uma visão preconceituosa, em forma de piadinha sem graça, em pleno século XXI, onde a sociedade está mais consciente do impacto de suas palavras e há muito mais acesso à informação acerca da necessidade de um consumo sustentável e preservação do meio ambiente em decorrência das mudanças climáticas…

Ao contrário do que ele (e alguns) possa imaginar, que sorte a da Amazônia ainda ter um mato para chamar de seu!

Polêmicas à parte, você cara leitora deve tá se perguntado: o que isso tem a ver com Propriedade Intelectual – PI?

Já ouvistes falar em Indicação Geográfica (IG)? Não? Mas com certeza já ouviu falar em vinho do Porto? Cachaça de Paraty? Queijo do Marajó ou Farinha de Bragança? Pois então… vamos falar um pouco sobre isso.

A IG é um ativo de propriedade intelectual que se refere à proteção de territórios. Nesses locais existem pessoas que trabalham com produtos ou prestam serviços com uma origem geográfica específica.

Uma IG reconhecida pelo Estado brasileiro auxilia no combate à falsificações, agregando valor àquele produto original e seu registro reconhece reputação, qualidades e características que estão vinculadas ao local.

E o que a IG tem a ver com “mato”, sustentabilidade e mercado?

No cenário internacional, um produto com uma IG reconhecida é um item de qualidade atrativa que traz uma série de benefícios ao longo de toda a cadeia produtiva, melhorando as condições sociais e econômicas de regiões, inclusive por promover a sustentabilidade e manutenção o espaço territorial, gerando riquezas e mantendo a floresta em pé.

É sempre bom lembrar que, quando se fala na região amazônica, a riqueza não reside apenas em sua biodiversidade, mas também no imenso potencial intelectual e inovador de sua população, em especial porque a proteção de inovações e conhecimentos tradicionais podem impulsionar a bioeconomia.

Por fim, vale a pena reforçar que o respeito às origens é fundamental na sociedade e sorte de quem tem a capacidade de entender as especificidades e diferenças culturais de cada lugar desse país lindo, que deve anda unido, que se chama Brasil.

E como diz o Padre Fábio de Melo: “eu sou de lá. … Onde o Brasil verdeja a alma e o rio é mar Terra morena que amo tanto”

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