Sobre a Língua Portuguesa e a cadeirada humana

Caderno em branco cercado por anotações destacando o uso da língua portuguesa.

Um roteiro ensaiado e contínuo de linguagens chulas, interrompido por cadeirada humana.

O que os homens fizeram com a Língua Portuguesa? Que vocábulos escolheram usar para proferir ofensas, mentiras, absurdos descabidos? Discursos infames, pejorativos e sórdidos produzidos sem vergonha alguma, desrespeitando uma nação. Desfile de argumentos empobrecidos pelo obscurantismo moral.

Em 1984, Caetano nos alertava com a música Língua:

“A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero fratria”.

“Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futura”.

Antecipação sobre tempos onde se descartariam as palavras e os valores morais.

Dentre tantos termos nobres, que indicam as melhores qualidades, personalizando a identidade de quem as profere, assistimos a um esvaziamento de pessoas de bem, com discursos e comportamentos tão regressivos.

Gratidão, esperança, fé, liberdade, perdão, respeito, amor, paz, luz, felicidade, resiliência, reciprocidade, colaboração, sonho, equilíbrio, união, gentileza, sentir, carinho, verdade, honestidade, compaixão, resolução… Um leque de vocábulos disponíveis para enriquecer narrativas comprometidas com a riqueza das expressões, das ações éticas e do trabalho que gera expansão.

“E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate”. Será que isso ainda é possível?

Quem quer ser ético e valoroso? Os comunicadores de plantão estão esquecidos sobre isso e revelam as próprias mazelas pessoais. Palavras torpes escapolem, sem a menor cerimônia e viram combustíveis para agressividade efetiva.

Atos exemplificam.

Comportamentos sustentam os pensamentos e uma mentalidade perversa.

Repetição atesta os atos e tudo vira leitura, não só das palavras, mas de quem se é.

“Pelas tuas palavras e pelas tuas conversas, serás conhecido”.

A exemplo deste tempo político, com um mercado de ideias poluídas, devemos olhar para o nosso próprio umbigo: que vocabulário temos manifestado por aí?

Não alimentamos o corpo com pão mofado. Usamos cadeiras para nos sentar. Por que nos envenenar de espetáculos involutivos e adorná-los ao nosso dia?

“Só é fácil descer. Subir exige paciência, perseverança, investimento, estudo, sensatez, trabalho, determinação…”

Cuide das suas declarações. Comungue palavras boas com atos elegantes. O espelho social reconhecerás a tua essência e o teu valor.

“E deixa que digam, que pensem, que falem”.

Beijo Beijo

                                                                                                                                Cláudia Andrade

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