O metaverso

As inovações estão cada vez mais disruptivas. Hoje as transformações são tão rápidas que nem percebemos o quanto elas invadem as nossas vidas e se integram ao nosso dia a dia. Quem poderia imaginar que num único equipamento você pode tirar fotos, ler livros e e-mails, ouvir música, gravar vídeos e até falar com amigos. Estamos falando do telefone celular.

Tecnologias como essa alteraram completamente os nossos hábitos e eliminaram tantas outras, que já nem lembramos mais. As tecnologias disruptivas tendem a mudar profundamente a lógica de funcionamento dos produtos, serviços e processos e a maneira como as pessoas se relacionam com eles.

Uma das principais características das inovações disruptivas é focar em novos clientes especialmente aqueles ávidos por quebrar os padrões já estabelecidos pelo mercado. E nessa linha surgem as relações estabelecidas através do mundo virtual, onde tudo é possível.

Agora imagine viver num plano virtual e totalmente imersivo, onde a experiência física é recriada num ambiente digital semelhante ao filme “Matrix”, em que a realidade percebida é uma realidade simulada. Parece louco? Mas não é. Isso é real. Estamos falando do METAVERSO.

Mas o que é o Metaverso? É um espaço coletivo e compartilhado que ocorre em um universo virtual proporcionando ao usuário experiências interativas e com alto grau de realismo, muito semelhantes às que acontecem no mundo físico. Nesse mundo é possível ter um avatar e efetuar inúmeras atividades como realizar compras, fazer investimentos, se relacionar com outras pessoas e tantas outras coisas. Este novo conceito promete ser a grande tendência para os próximos anos.

No Metaverso a inteligência artificial e a realidade virtual e aumentada são amplamente utilizadas. A ideia é criar uma internet 3D onde as interações são semelhantes às do mundo real. Essa tecnologia nasceu como uma estratégia de interligar diferentes ferramentas para estreitar as relações físico-digitais e melhorar a experiência do consumidor.

O conceito não é relativamente novo. Em 1992 o romance de ficção científica Snow Crash, do autor Neal Stephenson, retratava a possibilidade de as pessoas fugirem para um universo paralelo diferente de sua realidade. Já em 1999 a empresa Linden Lab, fundada pelo empresário Philip Rosedale, criou o jogo Second Life – SL, em que avatares interagiam em um ambiente virtual e tridimensional simulando a vida real e social dos seres humanos.  Para seu criador, o SL não era um jogo, pois não simulava disputas e sim permitia ao usuário a liberdade de fazer o que preferisse. Poderia ser utilizado como um simulador, um comércio virtual, uma rede social e até um jogo.

Mas, por questões tecnológicas da década de 2000, em que a qualidade das conexões não era tão favorável, o jogo não se consolidou plenamente no mercado.

Com esses exemplos percebe-se como as tecnologias foram melhorando e nos proporcionando interagir cada vez mais e melhor na forma virtual.  E o Metaverso promete revolucionar a nossa forma de consumo e de relacionamento.

Imagine uma experiência de trabalho em que você não precisará ser desconectado após uma videoconferência e poderá continuar interagindo com o ambiente corporativo, conversando com os colegas, caminhando pela empresa, negociando e compartilhando informações. Pois é. Tudo isso é possível no metaverso.

Pode parecer filme de ficção científica, mas é real. E uma das grandes vantagens é a possibilidade de criar uma experiência real de interação entre pessoas, que não estão fisicamente conectadas. Os seus avatares serão responsáveis por essas conexões.

Para alguns cientistas e estudiosos no assunto o metaverso abre a possibilidade de democratizar as experiências criativas das empresas, antes inacessíveis para muitos. Abre ainda espaços para novas formas de interação social, mudando o paradigma de como será estar com as pessoas.

A tecnologia do metaverso vem mexendo também com o mercado financeiro. Muitas marcas vêm percebendo esse movimento e intensificaram o investimento no metaverso. Até poucos anos atrás a realidade virtual era vista como uma forma de as empresas oferecerem experiências imersivas para o consumidor. Mas com a criação de comunidades dentro de jogos virtuais como o Minecraft e Fortnite as possibilidades de investimento nesse mundo foram intensificadas. Empresas como a McDonald’s e o Boticário investiram em espaços como o Minecraft e o Avakin Life, respectivamente, saindo de uma experiência isolada para participar de um contexto social. Com todo esse movimento, nesse universo será necessária a criação de uma economia apropriada, em que as criptomoedas irão dominar e o Blockchain será muito mais utilizado.

Mas sendo ainda uma ferramenta em ascensão muitos desafios precisam ser superados, o que não significa dizer que isso vá demorar. Para o neurocientista Álvaro Machado Dias, professor livre-docente de neurociências da Universidade Federal de São Paulo, “o desafio de implantação da tecnologia ainda está no desenvolvimento técnico das ferramentas”. No Brasil o acesso às ferramentas de realidade aumentada e computação digital é restrito às classes mais abastadas. Esse aspecto fará com que o relacionamento se estabeleça de forma mais acentuada entre as pessoas de maior poder aquisitivo.

Outro desafio diz respeito ao mapeamento de alguns riscos de operação. Dentre eles a violação da privacidade, a distorção da realidade e a circulação de fake news podem comprometer a segurança da tecnologia.

A Agência Gartner, principal empresa de pesquisa e consultoria do mundo, cita também algumas premissas sobre o metaverso. Uma delas é que “nenhuma megaempresa Tech tem recursos e tecnologia suficientes para criar o metaverso sozinha”. Ele é um upgrade ao próximo capítulo da internet. Mas uma coisa é certa, o conceito de um espaço virtual compartilhado vai marcar o debate digital para os próximos anos. E isso certamente vai acelerar a democratização dessa tecnologia. Assim, é importante que sua empresa perceba que essa será a possibilidade de proporcionar a interação de sua marca com o maior número de consumidores. O metaverso pode lhe dar a oportunidade de estar presente no dia a dia do seu cliente.

Um novo ecossistema está surgindo e a realidade virtual será uma das formas de interagir nele. Pense nisso.

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