Mais compaixão, menos razão.

Cada pessoa está absorvendo e vivenciando as restrições sociais e profissionais da pandemia de um jeito diferente, não é fácil para ninguém, acredite nisso.

Percebo que a pressão à nossa volta faz emergir nossa essência, e se somos mais compassivos, é isso que emerge, se somos mais estressados, nos tornamos por vezes, intoleráveis.

Não temos como conter, mas podemos acolher o que estamos sentindo, olhar para dentro de nós, verificar o que estamos experimentando e avaliar se nosso comportamento está nos trazendo prejuízo, e pior, prejudicando outras pessoas também, como família, amigos, colegas de trabalho, desconhecidos.

Tenho uma amiga sempre muito equilibrada, mas que diante da pandemia, está em pânico, não dorme, não consegue ter bons pensamentos sobre as pessoas que estão doente, sobre o presente e futuro do seu trabalho, além de outras questões.

Há pessoas que estão desempregadas, sem ter o que comer. Há pessoas que mudaram drasticamente o padrão de vida, estão num limite entre o desespero e a sobrevivência. Conheço outra mulher, em situação muito precária financeiramente, com 4 filhos, que está empreendendo por necessidade, e decidiu partilhar as cestas básicas que recebeu com os vizinhos, que estão em muito pior situação.

Poucas pessoas conseguem praticar a resiliência nesse momento. E nós? Como estamos nos portando? Quem somos nós, nesse cenário atual?

Tenho me desafiado, dia após dia, a não me entregar ao desespero. Porque sim, se formos ver, absorver e refletir sobre todas as notícias que os meios de comunicação nos reportam, iremos à loucura. Então tenho avaliado diariamente e constantemente, minha reação diante dos fatos.

Coisas que antes me tiravam o sono, hoje pondero bastante se vale a pena investir tanta energia em resolver. Situações que antigamente eu fazia questão de refutar, de provar que eu tinha razão, hoje penso não mais que uma vez, porque verdadeiramente não vale a pena o desgaste emocional meu e da outra pessoa.

A morte se impõe. O que pode ser mais forte que a morte? Quando perdemos um parente, um amigo ou conhecido, porque não tiveram nem a chance de serem atendidos por falta de leitos; quando a morte precede nossas esperanças, o que nos resta? Porque continuar lutando com o ego?

Não sei qual o aprendizado que vocês têm adquirido com essa pandemia, mas a mim, está claro que ela surgiu para que, de uma vez por todas, a gente aprenda a se unir, a não mais fazer questão de estar certos só para mostrar que temos razão….

Precisamos mais do que nunca, aprender a olhar a outra pessoa e enxergar seu lugar, suas dores, suas limitações, sofrimentos e tentativas de fazer dar certo. Antigamente, eu via em primeiro lugar os erros, o que estava faltando, o que não servia, hoje, eu luto para comigo mesma para inverter a chave. E tem sido de grande aprendizado para mim, cada minuto em que posso presenciar alguém que se esforça para viver, trabalhar, compartilhar coisas boas. Não somos perfeitos, não é coerente buscar perfeição em ninguém, sobretudo nesses tempos tão sombrios.

Estou triste, de fato, porque perdi pessoas muito preciosas para o COVID, e me solidarizo com a dor de todos que também perderam. Leio e escuto histórias de famílias devastadas pela dor. O que podemos fazer nesse momento? Entregar mais dor com nossos preciosismos e necessidades de mostrarmos que estamos certos?

Então nesse momento, desejo que sejamos amor, que busquemos o melhor de nossa essência, e que a gente possa partilhar sorrisos, palavras de coragem, gestos de incentivo e sobretudo compaixão, diante do que vemos à nossa volta.

Fiquem bem! Compartilhem aqui nos comentários conosco: qual tem sido seu maior aprendizado diante desta pandemia?

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