Cuidado: não se anule!

Nos últimos anos o modelo de relação vem mudando, saindo daquele padrão institucionalizado, para um modelo onde existe o respeito, a individualidade e autonomia. As relações não têm mais a obrigação com a duração e sim com a qualidade e bem-estar de cada um, mas a pandemia deu uma bagunçada. Segundo algumas pesquisas, para as mulheres, quanto mais alto for o nível de apoio do cônjuge, maior a satisfação da mulher com a carreira, assim como com a satisfação financeira, que aumenta proporcional ao apoio do cônjuge.

Em sua pesquisa de doutorado com 532 mulheres trabalhadoras, Simone Guedes, antes da pandemia, identificou os principais fatores dos relacionamentos conjugais que impactam no desenvolvimento das carreiras femininas:

  • Apoio conjugal ao desenvolvimento da carreira.
  • Suporte financeiro do parceiro para a carreira.
  • Atitude de sabotagem à carreira da mulher, por parte do cônjuge.

No item de apoio do parceiro ao desenvolvimento da carreira, 45,7% delas reconheceram um alto apoio do parceiro, no item de suporte financeiro, 70,7% declaram baixo apoio. No item sobre sabotagem para prejudicar a carreira, 72,9% avaliaram como nível baixo.

A pesquisa também mostrou a relação com a remuneração, onde para 53,2%, a maioria revelou baixa satisfação financeira, 23,5% alta satisfação e 23,3% média satisfação. Essa baixa satisfação com toda certeza é pela desigualdade salarial entre homens e mulheres. Esse era o cenário antes da pandemia, o qual já mostrava uma relação muito forte entre o relacionamento conjugal e a carreira da mulher.

Sabemos que as restrições impostas pela pandemia forçaram um convívio familiar mais intenso, o que para muitas mulheres não foi saudável. Muitos casais já se encontravam em uma convivência difícil.

As principais causas foram:

  • Home office, a maioria não estava preparada para junção do trabalho e atividades domésticas no mesmo ambiente.
  • Escolas paralisadas, filhos em casa requerendo mais atenção e cuidados.
  • Algumas famílias sofreram reduções financeiras importantes, dificultando a administração do orçamento familiar e obrigando a demissão de funcionárias do lar.

A maioria dos homens não estavam prontos para dividir as atividades domésticas e nem a carga emocional gerada por todo o contexto imposto. O que mais uma vez impôs a mulher a atitude de pegar pra si todas as iniciativas: decidir os cortes necessários no orçamento, reorganizar a rotina dos filhos com o ensino a distância, cuidar dos protocolos sanitários de segurança para manter a saúde da família, cuidar da rotina da casa e trabalhar ou até mesmo largar o trabalho.   Dentro deste cenário as relações foram sendo atropeladas e muito pouco discutidas, afinal não faz parte do universo masculino essa preocupação e as mulheres já se encontram tão cansadas e preocupadas com o futuro, que é mais fácil pensar que uma hora “tudo vai entrar nos eixos”.

Muitas mulheres não conseguem nem saber o que é, apenas sabem que estão vivendo algo desconfortável no relacionamento, se sentem angustiadas, sempre com medo e tensas. Às vezes esse desconforto já está afetando sua saúde, sua autoestima e principalmente seu desempenho no trabalho. E muitas dessas mulheres não sabem como resolver, pedir ajuda e sair dessa situação, mas é preciso falar, é preciso buscar uma rede de apoio, pois quando afeta seu desempenho no trabalho corre o risco de perder sua autonomia e independência financeira.

Como falei a pesquisa foi feita antes da pandemia e já havia muita importância do apoio do cônjuge para que as mulheres tenham um excelente desempenho em suas carreiras e um baixo apoio financeiro dos cônjuges, o que me fez refletir que ainda precisamos evoluir muito em nossa objetividade, não que não seja incrível e maravilhoso ter o apoio de um companheiro/companheira, mas precisamos buscar nossa felicidade e realização em nós e não transferir para o outro. Sei que não é fácil, lembre-se já contei aqui, que aos 22 anos me divorciei por perceber que o parceiro não queria crescer e não me permitiria ascender profissionalmente, não podemos nos acovardar, precisamos ficar alerta de nossos pensamentos, de nossas emoções e sentimentos e acima de tudo de nossas atitudes.

Não permita que ninguém diga qual é o seu lugar, decida você mesma. Não se anule, seja protagonista da sua vida!

Artigos relacionados

Comentários