Crianças usando produtos anti-idade – é possível?

Sim. É possível.
A transformação digital tornou as informações incrivelmente mais fáceis e acessíveis para todos. A quantidade de informações a que somos expostos tem provocado mudanças no comportamento de muitos, especialmente das crianças.
Ouço com frequência, comentários sobre crianças maduras demais e com atitudes precoces para suas idades. A percepção de que crianças e adolescentes estão mais maduros pode ser influenciada por diversos fatores, incluindo a grande exposição a informações e estímulos da vida adulta através da tecnologia.
Mas quando se trata da aparência, cuidados com a pele e bem-estar, observo que está ocorrendo um certo exagero, por parte das crianças, no consumo de produtos de beleza fabricados para os adultos.
Usar maquiagem para ir a uma festa de aniversário, trocar a cor do esmalte toda semana, ficar horas no salão cuidando dos cabelos e usar salto alto, são atividades comuns para uma mulher de qualquer idade. Entretanto, hoje vemos meninas com menos de 10 anos se preocupando com essas vaidades e de forma mais dedicada que muitas adultas.
É certo que existem inúmeras marcas com produtos específicos para pele sensível das crianças, mas o que se vê é o consumo exacerbado de maquiagens, cremes e loções para limpeza de pele, tinturas para cabelo e produtos anti-idade sendo consumido por esse público. Isso mesmo, produtos anti-idade sendo consumidos por crianças.
Mas por que as crianças e adolescentes estão consumindo tantos cosméticos e tão cedo?
Um dos motivos são as redes sociais. Elas expõem esse público a uma quantidade enorme de informações e imagens do mundo adulto, com conteúdo que pode ser inadequado para a idade infantil. Essa exposição acaba estimulando o consumo precoce de determinados produtos. Segundo dados de pesquisa:
- 84% das crianças e jovens entre 7 e 17 anos veem vídeos de influenciadores (principalmente de maquiagem e moda);
- 79% delas procuram por resenhas de produtos na internet;
- 75% acompanham tutoriais de cuidados com a pele e cabelo nas redes.
Se você consultar o TikTok encontrará uma infinidade de vídeos de crianças e adolescentes ensinando práticas de maquiagem e skincare. Eu mesma participei de um grupo de pesquisa a alguns salões de beleza e fiquei chocada ao saber que muitas mães levavam seus filhos para sessões de alisamento de cachos, coloração e outros tipos de procedimentos com uso de produtos químicos voltados ao público adulto
Nesse contexto, o mercado de beleza está nadando de braçadas com o aumento de sua clientela. Antes, a maioria dos consumidores se concentrava no público feminino jovem e adulto. Hoje o mercado foi ampliado para os diversos gêneros, cores e raças e, de uns anos para cá, o nicho infanto-juvenil (que já não é mais um nicho).
Para muitos especialistas, especialmente os de saúde, as crianças de hoje estão passando por um processo de “adultização precoce”, que pode acarretar problemas futuros, como: comprometimento da pele, devido à sua sensibilidade e até depressão.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alerta que “a pele infantil tem maior capacidade de absorção de produtos, o que aumenta a possibilidade de desenvolver irritações e dermatites quando em contato com eles”.
A orientação de muitos dermatologistas é que a maquiagem deve ser limitada a ocasiões especiais e a partir dos 5 anos de idade. Essa maquiagem deve ser, ainda, adequada para a pele das crianças.
Mas o que fazer quando batons, sombras, blushes e afins fazem parte da rotina diária de uma criança? Investir em educação, informações sobre os efeitos colaterais, buscar produtos menos agressivos e, em último caso, proibir o uso.
O uso excessivo de maquiagem, tanto para adultos, jovens e crianças pode provocar envelhecimento precoce da pele, segundo alguns especialistas. Usar do bom senso é sempre a melhor escolha. Para quem é mãe de adolescentes e crianças é importante ficar atenta à enxurrada de tutoriais e vídeos estimuladores do consumo. Observe se seus filhos estão usando produtos anti-idade, para retardar o envelhecimento da pele. Confiar é bom, mas checar é melhor.
Comentários