A mulher invisível

Hoje eu te trago uma história real, com uma protagonista mulher, cinquenta e três anos, advogada, funcionária pública, solteira e invisível.

Ela, acordava todos os dias bem cedo, tomava banho, colocava a primeira roupa que via no cabide e seguia para o seu trabalho tedioso e previsível. Em seu gabinete, pegava a papelada já tão conhecida e cumpria as tarefas do dia, delegadas pelo seu chefe. Nada de novo. Fazia o serviço, com o “pé nas costas”, como diz o ditado.

Na hora do almoço, ia até o restaurante mais perto da repartição, com os colegas de trabalho. Servia-se de salada, arroz, feijão, uma carne e das conversas sempre tão inadequadas sobre as fofocas do departamento, as reclamações do chefe, os comentários depreciativos. Mantendo a boca cheia até a sobremesa, seria de má educação dar a sua opinião sobre cada um desses assuntos, assim permanecia sempre calada.

À tarde, quando o expediente terminava passava na casa de sua mãe para ver se estava tudo bem e lanchar, antes de seguir para o seu apartamento. Um pouco de suco, bolo caseiro e as notícias não tão gostosas sobre a família: desentendimento dos irmãos, um pedido de dinheiro emprestado para pagar uma conta atrasada da irmã, as queixas da mãe sobre as dores na coluna, a necessidade da avó de uma acompanhante para as sessões de fisioterapia.

Às 21 horas, ao entrar no próprio lar, só pensava em chuveiro e cama!

Era uma mulher séria, educada, empática e correspondente!

No final de semana fazia o supermercado para ela e para a mãe, pegava a avó para aquela sessão de fisioterapia que ela conseguiu encaixar neste dia, cuidava dos sobrinhos para a irmã ir fazer uma escova no cabelo, limpava a sua casa e organizava as suas roupas.

Essa mulher queria muito arrumar um namorado, mas ninguém notava a sua presença. Ela queria passear, mas não gostava de sair sozinha. Queria falar para o chefe sobre as suas ideias para um trabalho mais dinâmico, mas tinha medo de levar um fora. Queria não mais almoçar com os seus colegas de trabalho, mas sabia que seria julgada e desprezada. Queria não ir mais lanchar todos os dias na casa da mãe, mas sabia que ela ficaria magoadíssima. Queria sentir-se mais leve e mais bonita, mas pensava: ficar bonita pra quê?

Essa mulher tinha pensamentos que povoavam a sua mente e sonhos que cutucavam as suas noites sozinha.

Quais os limites que esta mulher precisaria impor para sentir-se livre e feliz?

Como ela deixaria de ser uma pessoa invisível?

Se você ficou curiosa para saber que rumo a vida da nossa protagonista irá tomar, me acompanhe aqui na próxima semana. Você vai se surpreender!

Beijo beijo

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