Minhas histórias desencantadas
para você se inspirar e não repetir no seu negócio…
Toda boa história dá vontade de replicar. Elas trazem ensinamentos que, se couberem no que você acredita, acrescentarão ao seu repertório e ficarão guardadas na sua maleta de coisas boas para usar sem moderação.
A história que trago hoje, porém, tem um conteúdo que recomendaria a você não usar, ou melhor, usar ao contrário, fazendo o oposto do que fizeram comigo em minha experiência como consumidora:
Episódio 1:
Faz mais ou menos um ano, todos dias eu passava em frente a uma boutique de roupas no meu bairro e observava a empreendedora entristecida, sozinha, sem clientes. Eu a cumprimentava com um sonoro bom dia e a resposta vinha em tom de voz baixo, sem entusiasmo.
Apaixonada que sou por gente e por negócios femininos, pensava: “Eu tenho que arranjar um jeito de conversar com essa moça para tentar motivá-la, ver o que anda acontecendo e oferecer minha atenção.” Me preparei então para uma visita amigável.
No dia planejado entrei na loja toda animada, falei cordialmente com a moça dizendo que estava ali para conhecer os produtos que ela vendia, que queria ver os artigos que traduziam a identidade da marca. Os olhos dela brilharam e a cabeça ergueu-se como uma lebre altiva. Imediatamente a mulher começou a mexer em uma arara cheia de vestidos e pôs-se a retirá-los do cabide dizendo que era para eu experimentá-los pois aqueles modelos me cairiam muito bem.
Eu delicamente tentei iniciar uma nova conversa, explicando que naquele momento minha intenção era só uma visita, mas não teve jeito. Em dois tempos meus braços já estavam com três vestidos e mais dois me esperavam no provador. A empreendedora parecia não ouvir nada do que eu falava, me conduzindo para a cabine, com certo ímpeto. Havia uma tensão clara no ar: eu sem graça, tentando me fazer ouvir e a mulher eufórica para não perder aquela oportunidade de venda.
Atordoada entrei no provador pensando em criar ali um refúgio para respirar e voltar ao domínio do meu objetivo. Doce ilusão, logo fui abordada pela vendedora querendo ver como havia ficado o primeiro, o segundo, o terceiro… modelitos no meu corpo.
A situação ficou tão constrangedora que passei a mão em um dos vestidos e disse: “Vou levar esse!” Agora era eu que não queria mais conversa. Precisava sair correndo daquele lugar. Peguei o cartão de crédito e paguei sem nem perguntar o valor, que, dada as circunstâncias, me fez quase cair dura ao olhar a nota fiscal: 590 reais por um vestido de liganete! Meu bem, você sabe o que é liganete? kkk
Hoje passeando pelo bairro, revi a mesma mulher da loja, que está em outro ponto. Ela com a mesma cara fechada, agora pescando as clientes na rua. Lógico que atravessei a calçada de cabeça baixa para não ser vista, nem laçada.
Moral da história: No mundo dos encantamentos, cuidado para não desencantar aos seus clientes com as suas abordagens.
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