Sem culpas, nem desculpas!

Recebi mensagem direta no Instagram, outro dia, com empreendedora festejando o trabalho remoto, no caso dela, diretamente do escritório de sua casa, nas condições ambientais ideais para tanto: mobiliário, espaço físico, internet “a jato”. A minoria consegue enumerar esses pontos, não é? Avancemos ao que ela me trouxe:

Arianne, tenho conseguido trabalhar em tempo integral! Tem sido espetacular, eu trabalho 14h ao dia, tô mega produtiva, não quero outra vida, justo eu que já procrastinei tanto! O que você indica para eu ler sobre gestão do tempo? ”

Pensei comigo mesma por onde começar a abordagem sobre a frase recebida. É importante ter cuidado e consideração com as notícias que chegam trazendo alegria e contentamento, mesmo que do lado de cá seja de pronto acionado um alerta de perigo. Aqui, cabe uma dica: quando não souber, em qualquer área da vida, o que dizer, nada diga. Se suas palavras forem solicitadas e esse for o seu caso, peça um tempo para organizar as ideias e comece do começo. Foi o que fiz.

Repetirei aqui o que a disse: “você ser produtiva é finalizar o seu trabalho de 8h em 6h, não fazer o seu trabalho de 8h e emendar em mais 6h, porque o nome disso é se matar de trabalhar. Por favor, não confunda! Pense nisso e me diga depois o que veio em mente”. Pouco depois, ela compartilhou que mensagens chegam a qualquer hora, que recebe chamadas enquanto aninha filho pequeno para dormir, que reuniões são agendadas sem organização prévia e em qualquer hora, sem nenhum adicional no final do mês. Perguntei se era algo direcionado para ela ou se tinha conhecimento de mais colegas atuando naquele ritmo. “Basicamente eu, a chefa sabe que pode cobrar mais de mim”.

Os fins justificam os meios, não é? Maquiavel sabia o que afirmava nessa frase. A ideia geral da filosofia política, na abordagem do realismo, é que o fim supremo de um estado/nação/instituição deve ser o sucesso e, para tanto, jamais deve ser limitado pela moralidade. Se em 1500 tais ideias eram postas em prática, imagine na modernidade tão líquida que vivemos?

A ética ensina que a tranquilidade depende do desprendimento em relação à opinião dos outros quando determinadas ciladas “gloriosas” se apresentam. Conhecer a si mesma, seus limites e suas experiências é poder.

Pergunto a você: o desconhecimento de si alimenta a procrastinação?

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