O movimento antitrabalho e seus impactos no empreendedorismo

O movimento antitrabalho não é novo, o que aconteceu é que agora ele conta com a força e alcance das redes sociais. A pandemia aumentou o nível de insatisfação dos trabalhadores em diversas partes do mundo, principalmente com a natureza da relação de emprego, muitos profissionais estão se perguntando: qual o objetivo do trabalho? 

Esses dois anos de pandemia, levaram os profissionais a um cenário de extremo cansaço e a problemas de saúde mental e burnout, principalmente entre os trabalhadores essenciais e com baixos salários. Eles foram os mais exigidos por seus empregadores nesse longo período da pandemia, afinal, diante de tantas incertezas, todos – patrões e empregados – foram submetidos aos seus limites.

Como dizem no senso comum, “a corda arrebenta sempre do lado mais fraco” e por isso, o número de profissionais deixando seus empregos vem batendo recordes em muitos países. Esses profissionais têm questionado a existência de um propósito para seu trabalho e até para o próprio sistema econômico. E assim eles fomentam o movimento antitrabalho que busca romper com as bases atuais do ambiente de trabalho atual.

Os principais motivos para os profissionais aderirem o movimento são:

  • Medo de contrair covid.
  • As condições de trabalho insatisfatórias.
  • Um grande desejo de reorganizar a vida a partir de outros parâmetros.

O medo de contrair covid vem diminuindo com o aumento da vacinação, embora ainda tenhamos problemas com os negacionistas, mas não falaremos sobre isso neste artigo.

As condições de trabalho e a necessidade de reorganizar a vida são velhos conhecidos dos empregadores, uma das situações comuns de administrar esses aspectos, é o caso da licença maternidade. Nesse período, muitas profissionais colocam em xeque o quanto vale a pena perder de tempo no trabalho excessivo por dinheiro, ao invés de aproveitar o crescimento e desenvolvimento dos filhos e família. Porém, o movimento é mais amplo, daí a preocupação da iniciativa privada com o impacto nos negócios.

Eu preciso deixar claro que o movimento não pede pelo fim do trabalho como conhecemos, e sim por uma reformulação nas condições, acordos e tempo de jornada semanal. Claro, que pede salários mais justos e proporcionais aos resultados e lucros gerados pelos profissionais às empresas. Então, fica claro que são contra as relações abusivas de trabalho que a médio e longo prazo geram as doenças psicossomáticas.

Que “hoje não é mais como antigamente” tenho certeza de que todos já sabemos, mas como estamos nos preparando e organizando nossas empresas para contratar esses profissionais? Afinal fomos educados na forma tradicionais de que:

  • Deus ajuda quem cedo madruga.
  • Que o bom funcionário é aquele que cumpre 8h por dia sem chegar atrasado e nem reclamar de sair depois do horário.
  • Que tem que vestir a camisa da empresa, e por aí vai…

Hoje, a geração cada vez mais jovem no mercado de trabalho, busca o emprego gere realização. E se realizar não é mais bater a meta: é fazer sentido. Tem que dar “match”, esses jovens precisam perceber que o esforço deles vale a pena.

Durante a pandemia esse grupo de profissionais experenciou o home office, onde apesar das cobranças por parte das empresas, puderam ter mais tempo para a família, uma atividade física ou até mesmo um tempo sem precisar fazer absolutamente nada, e isso foi positivo.

Hoje, com a ajuda das redes sociais, os candidatos a uma vaga de emprego fazem pesquisas sobre a empresa para identificar qual a cultura daquele lugar, o que as pessoas falam daquela empresa e tiram suas próprias conclusões se deu o “match” ou não. 

E adianta você e eu espernear, reclamar?

Não. O mundo do trabalho mudou! E nós precisamos estudá-lo para entender, enquanto empresárias, como vamos nos relacionar com nossos empregados e potenciais empregados.

Tenho percebido nestes últimos 12 meses que meus recrutamentos para empresas que já olham para essa nova relação, são bem mais assertivos. E isso acontece porque as empresas já começam a oferecer jornada flexível, principalmente para os setores administrativos, assim como já oferecem percentual de bonificação pelos resultados apresentados por tipo de projetos. As bonificações ou comissões só aconteciam na área de vendas, o que sempre foi uma insatisfação para as demais áreas da empresa.

E nos pequenos negócios qual o impacto?

Tenho certeza de que a primeira resposta que veio na sua cabeça foi que é muito grande e que será muito difícil lidar com tantas exigências. Mas, vou te convidar a fazer um exercício, analise todos os processos do seu negócio e identifique quais realmente precisam de alguém 8h por dia dentro da sua empresa, responda qual seria o impacto negativo dessas atividades serem realizadas em home office, depois faça a conta de quanto você economizaria adotando o home office.

E vou deixar para você uma última reflexão: será que no seu negócio não há mesmo a menor possibilidade de remunerar um percentual pelos resultados obtidos? Lembre-se, pessoas felizes produzem em média 12% mais. Portanto, pequenos ajustes na cultura de uma empresa, por menor que sejam, podem representar crescimento no faturamento.

Excelente semana!!

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