O desequilíbrio que equilibra

Segunda, dia de acordar desanimada. Terça, quarta e quinta, mais do mesmo, doloridos dias de trabalho. Sexta, desconsideremos, porque todo o mundo aguarda ansiosamente o término do expediente e então gozar o final de semana, afinal, #sextou.


Contudo, neste universo, estão as pessoas que se desdobram intensamente em seus afazeres, horas ininterruptas, fazendo extras, que não conseguem honrar as contas, menos ainda chegar no fim do mês com a conta bancária fora do vermelho.


Falamos aqui de mulheres que se sentem completamente frustradas com o esforço empreendido, por conta do resultado da sobrecarga laborativa. Quantas de nós conhecemos ou somos protagonistas de histórias onde há dupla à tripla jornada, e ao mesmo tempo desengavetam ideias na tentativa, por vezes desesperada, de vislumbrar melhores rendimentos?


A escuta em clínica psicanalítica traz uma interessante afirmativa: pessoas fazem o que não gostam, para ganhar pouco e sob o rolo compressor chamado resultados. Como dar conta de tal rotina na iminência das sensações de derrota e de frustração?


Vale a indiscreta observação de que a frustração é um bichinho ardiloso, pois impede curtir e celebrar pessoas do seu convívio sendo vitoriosas, e você, não. Freud alertava que cada pessoa é um mundo, um abismo, então me responda daí com quem mais você compete além de você mesma?


Mulheres, somos reconhecidas por fazermos simultaneamente várias coisas, mas você já se questionou, vez ou outra, se esse transbordar de deveres lhe faz mais mal do que bem? Ajustar e se permitir continuamente, de modo equilibrado, conciliar trabalho, vida amorosa e família, também é algo rotineiro na fala da empreendedora, no consultório.


Uso exagerado de fármacos para dormir, para ajustar o humor, para estimular a libido do corpo exausto, ginástica cerebral, ginástica laboral, RPG para corrigir anos de um corpo maltratado, yoga para criar novo link entre mente e corpo, meditação para desligar da rotina olhando freneticamente no relógio a cada milissegundo e, por diversas frentes ou exemplos que possa enumerar para você, venho neste texto lhe frustrar ao afirmar que, neste recorte, ouço mulheres ultra competitivas, obviamente estressadas, com baixíssima tolerância à frustração por terem se isolado em ideias vendidas como fórmulas que, por sua vez, não resultaram financeiramente conforme o idealizado.


Você me pergunta daí se pode ser pior, e eu lhe afirmo que sim: a sensação de falência dos esforços, exaustão física, emocional e mental no nível máximo, inabilidade de negociar a já citada incapacidade de conduzir os papeis que ocupa, e ignorando tudo o que pode vir a lhe adoecer. Aqui, quem tem filhos, treme nas bases, por pavor de faltar à família.


A orientação nas sessões é elementar: o que você dá conta de fazer? Para quem não faz psicanálise, vou me explicar, pois se você é ciente de suas competências e habilidades, maior a autoestima para os confrontos do cotidiano. Sobretudo, notável capacidade de se adaptar às mudanças, bem como avaliar sem firulas os resultados de cada decisão tomada; portanto, sabendo celebrar os êxitos por ter experienciado cada etapa do processo.


Devo lhe alertar que errar bastante, no afã do acerto, algumas muitas vezes, não soa dos lados de cá como persistência e sim um alerta que convém não ser ignorado de reformular estratégias e caminhos. Passo a passo, rumo ao equilíbrio.


Boa leitura e uma excelente semana para todas nós! 🙂

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Comentários

  1. Não acordo desanimada, mas me vejo hoje, “desengavetando ideias, na tentativa de melhores rendimentos”…
    Não uso nenhum medicamento, mas intensifiquei a meditação “fortalecendo o link mente e corpo”…
    Me percebo vivendo a clara competição comigo e com tantas outras pessoas que nem conheço, na busca pelo tal prêmio, chamado “resultados exponenciais”.
    Ufa! Vou salvar este texto para reler algumas dezenas de vezes. Tem muitas pistas boas neste caminho.
    Gratidão pela partilha. Beijo beijo.