Eu conheço os meus limites e é por isso que eu vou além

Bonjour, ça va? Bom dia, como vai? Não estranhe o cumprimento, cara leitora, é assim que tenho começado os dias desde meados de junho. Semana passada comentei que traria aqui em primeira mão uma vitória pessoal e hoje vou compartilhar aqui com você.


Desde o início da coluna de Psicologia, no blog Donadelas, reitero para você que empreender é muito além de investir financeiramente, como de forma equivocada o senso comum tem tal ideia consolidada, os investimentos também são emocionais, físicos e intelectuais. Há um conjunto de fatores, como uma orquestra em constante ensaio, para que os instrumentos toquem todos de forma harmônica e que se possa ouvir um a um mesmo quando não estão em solo.


Das solidões sentidas, na carreira, estava a de passar uma temporada breve de estudos em algum lugar que vibrasse arte, cultura e educação de excelência. É comum, após certa estabilidade e reconhecimento profissional, em todos os segmentos, que se prolongue as fases. Algumas, indefinidamente. Em ambas as situações, palpito eu, para se poupar da fadiga e ansiedade dos recomeços.


Junto aos interlocutores de confiança, na maioria das vezes, perguntas em demasia surgiam para checar se estava insatisfeita com o consultório. Não, não estava. Exatamente por amar a experiência de escuta em clínica, eu queria reformular a entrega do meu produto. Não tenho ambições acadêmico-docentes, então fui atrás de outros saberes dentro e fora de universidades, em lugares de referência; outras interlocuções; outros horizontes.


Fazer diferente para fazer melhor, ecoava em mim. O ano era 2019 e ao ver ao vivo a Universidade de Paris, conhecida mundo afora como Sorbonne, bateu o sino: é aqui! Compreendia razoavelmente bem o idioma, estava enferrujada na escrita e na fala. Não importavam as dificuldades, precisava saber me comunicar na fala e na escrita, me organizar financeiramente ante as disparidades de moedas, preparar meus pacientes para minha ausência no Brasil e para o fuso de +4 a 5h em relação ao Brasil, após decidir o que queria estudar. Ah, claro, administrar uma casa e uma família de longe. Se eu pensar mais um pouco sobre esses tópicos, certamente aumento a lista. Paremos aí porque vim aqui encorajar você, não lhe tirar as forças.


Je connais mês limites, c´est pourquoi je vais au-delà!”, resgatando a frase aqui usada no título, na sua versão original.


O ano é 2022 e com a reabertura de fronteiras, de editais de candidatura e todas suas criteriosas seleções, cá estou como a única brasileira em toda a universidade de verão na Sorbonne. O primeiro dia em aula me deu calafrios na hora inicial: o professor estava visivelmente empolgado, o que piorou meu entendimento do que ele falava. Lembrei-me de que o feito é melhor do que o perfeito. Por associação, compreendi e na segunda hora já tinha duas páginas escritas de conteúdo e em francês, no eixo modernidade e pós-modernidade.


Nesse mesmo dia apreendi algo valioso e que vale para todas nós que empreendemos: a modernidade é esse período onde estamos nesse olhar vigilante, curioso e até julgador das demais pessoas, porque o que nos afirma como pessoas protagonistas da nossa história é conduzir o outro para o lugar que desejamos que ele nos tenha como referência.


Antes de lhe dizer au revoir et à la semaine prochaine (tchau e até a próxima semana), tenho uma dúvida: qual o lugar que você deseja ocupar?


Bisous 🙂

Artigos relacionados

Comentários