Escutatória

Rubem Alves, no texto que de inspiração para o título e boa parte do que vamos conversar hoje, explicava ao longo dos versos de linda prosa que a gente não gosta de quem fala e escreve bonito, mas sim sim de quem ouve bonito.

Vamos costurar mais um pouco as ideias. Os homens têm feito de um tudo para viver num mundo de medida humana, edificaram cidades, sistemas filosóficos, ciência e tecnologia. No entanto, somos seres sociais; logo, se faz necessário viver em grupo, construir abrigos e sistemas sociais, para tudo que nos cerca.

Tempo vai, tempo vem, nasceu a Psicanálise. Sequer a exatidão redundante das ciências exatas escapou da interpretação dos sonhos, das emoções e até das loucuras, você estaria de fora por qual motivo? Eu estou implicada até o último fio de cabelo e vou te contar o porquê.

Desde pequenas somos estimuladas a acreditar que podemos e devemos mandar nos nossos sentimentos. Na nossa vida. No passar dos tempos. Doce ilusão. Você que acompanha a coluna sabe que sou, desde antes da pandemia, uma psicanalista que atende online brasileiros ao redor do mundo. Faltando poucos dias para visitar minha cidade-natal, anunciei que estava chegando. Timidamente, também chegaram pedidos de atendimento, de antigos pacientes, para consultório físico. Topei fazer o hoje caminho inverso. 

Ser capaz de ressignificar e reviver experiências para contar as emoções não é algo que venha “de fábrica”. Saber ouvir-se profissionalmente é também algo importante para aprender com as oportunidades, afinal, temos dois ouvidos e uma boca, alertavam os antigos. 

Sabe o tempo? Digerir oportunidades leva tempo. É preciso tempo para digerir o que outra pessoa falou. Por isso, compartilho com você a tarefa complicada e sutil que é sua e minha: ouvir nossos públicos e demandas. 

Agora, vou afivelar malas e te aguardo na próxima coluna 🙂

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