Empreender em casal é inteligente?

A primeira vez que pensei sobre isso foi ao ler o livro “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos” de Gustavo Cerbasi. Naquela altura precisava decidir se ia valer a pena empreender com a pessoa que estava me relacionando.

No livro, Cerbasi deixa claro que o principal motivo de brigas entre casais é o dinheiro, se falta grana no final do mês, um costuma culpar o outro, e se sobrar ambos não conseguem entrar em acordo de como gastar ou investir tal quantia. Essas desavenças acontecem simplesmente pela falta de planejamento financeiro, o que entre casais, potencializa a questão de um dos parceiros se transformar num empecilho para as conquistas e vitorias do cônjuge, segundo o autor. E nisso estou totalmente de acordo com ele.

Cerbasi classifica o comportamento financeiro em cinco perfis:

  1. Poupador
  2. Gastador
  3. Descontrolado
  4. Desligado
  5. Financista

Essa classificação é bem explicativa e, embora alguns perfis possam até se relacionar melhor entre si e vierem a ter um bom futuro financeiro, é fácil entender que os problemas com dinheiro são decorrentes de escolhas pessoais.

Perceba que embora a obra de Cerbasi fale sobre casais, esses comportamentos se refletem também em nossa vida profissional e ao empreender, em nossos negócios.

Muitos casais já começam a vida a dois sem o menor PLANEJAMENTO, a primeira decisão fadada ao insucesso é a festa de casamento, pois alguns, na intenção de realizar o “sonho” fazem a festa sem ter recursos e já começam a nova vida endividados. E ao empreender, tendem a repetir o comportamento, ou seja, no desejo de ter seu próprio negócio para alcançar liberdade financeira, flexibilidade de tempo e espaço, acabam começando um negócio sem o mínimo de planejamento e conhecimento do mercado.

Até aqui ficou claro que precisamos entender nosso comportamento com dinheiro, falar sobre dinheiro e planejar com o parceiro. E que isso é tanto na vida pessoal quanto empresarial. Logo, reforço a reflexão, EMPREENDER EM CASAL É INTELIGENTE?

Confesso, que minha experiência não foi 100%, mas tenho acompanhado algumas histórias bem positivas. Recentemente atendi um casal de empreendedores de muito sucesso no segmento do varejo, que são prova viva de que pode ser uma estratégia muito inteligente empreender com o cônjuge ou parceiro. Em 14 anos, os dois saíram de uma loja de 200m² para 1000m² e de quebra abriram uma filial no último semestre. E como eles conseguiram?

Eu digo que conseguiram primeiro, reconhecendo o comportamento um do outro. Eles ficam atentos a reação um do outro, quando um se comporta mais GASTADOR o outro adota o comportamento POUPADOR para segurar mais. Em momentos em que um fica mais DESLIGADO podendo perder as oportunidades, o outro vai lá e incentiva a INVESTIR (FINANCISTA).

Esse casal ainda tem um comportamento muito importante, eles se comunicam, ou seja, eles conversam sobre os planos um do outro. Nenhum dos dois toma uma decisão sem que o outro esteja de acordo, eles exercitam a persuasão também.

Estes são comportamentos que se você parar pra pensar, precisam ser exercidos com o sócio, independente de ser cônjuge ou não, ou seja, o que realmente precisa ser inteligente é identificar o quanto estou preparado para ouvir, ceder, aprender com outro, saber separar conflitos da vida pessoal e da vida profissional. E se não for uma pessoa que goste de planejamento o quanto está disposta a aprender a ser minimamente planejada.

Acredito que nesse momento você está pensando, tá em relação ao negócio entendi, mas em relação ao casamento, empreender não pode influenciar negativamente?

Lembre, a tendência é repetirmos comportamentos, então se você e seu sócio estiverem bem, você e seu parceiro / cônjuge também estarão bem. E problemas, por melhores que sejamos, sempre vão existir.

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