É bom ou ruim ter sócios?

Eu trabalho com treinamentos e consultoria na área de empreendedorismo há 20 anos, e nesse período entrevistei mais de 2.500 empreendedores por esse Brasil.

Claro que muitos deles tinham sócios e durante as entrevistas alguns relataram situações vivenciadas entre eles, algumas experiências muito boas, outras traumáticas.

Mas o que quero registrar aqui, curiosamente, é que em todas as situações negativas relatadas, (vou frisar aqui: TODAS), eu sempre fiz contado com o sócio bom, ingênuo, trabalhador, esforçado, que foi enganado pelo sócio mal. Considero curioso o fato de nunca em minha vida, ter entrevistado ou mesmo ministrado algum curso, para o sócio “bandido”.

E onde habita essa criatura nefasta, minha gente? O que come, o que faz, como vive o sócio maléfico,  que rouba, que não trabalha direito, que compra carro do ano, usa o cartão da empresa em benefício próprio, se apropria das benfeitorias…?

Não tenho resposta sobre isso.

Claro que não estou duvidando dos relatos. Só quero suscitar aqui uma reflexão que pode valer a pena: nem todo mundo é mal ou bom o tempo inteiro, e independente de tudo isso, os dois são integralmente responsáveis pelo negócio.

Uma sociedade ruim pode, dentre outras consequências, levar uma empresa à falência e infelizmente, ouvi com pesar esses tipos de depoimentos. Então? Como fazer para desenvolver uma sociedade saudável, duradoura e próspera?

Algumas sugestões importantes:

1. Procure um sócio que complemente suas habilidades. Se você não gosta de vender, procure um sócio excelente nessa área, por exemplo. Tem dificuldades em planejar? Verifique se o potencial sócio é forte em planejamento. Não se empolgue com alguém só porque tem a mesma vontade que você. Essa pessoa precisa somar.

2. Defina os papéis e responsabilidades de cada sócio. Seja detalhista nas atividades que cada um vai desempenhar. Assim, com esse registro escrito, fica fácil acompanhar e cobrar as ações, e durante o percurso fazer os ajustes que sem dúvida, serão essenciais.

3. Faça reuniões sistemáticas. A empresa é um organismo vivo. Conversem, troquem feedbacks, mantenham uma atitude adulta diante das adversidades, não falem um do outro para outras pessoas, conversem juntos e busquem soluções que vai beneficiar ambos e, sobretudo, a empresa.

4. Não se permita contaminar por quem não faz parte da empresa. Me lembro que eu tinha um sócio que era responsável pela parte de criação das peças, dentre outras atividades. Como nossas responsabilidades estavam previamente escritas e acordadas, quando eu ouvia comentários maldosos, como: “e o teu sócio, heim, que nunca vejo ele pela loja…?”, nem me abalava, pois tinha consciência de que cada um estava fazendo a sua parte.

O fato é que um sócio pode sim ajudar e muito sua empresa se desenvolver, por que os recursos somados contribuem para dar maior velocidade na operação, você ainda compartilha ideias, aprende bastante com a experiência do outro… Enfim, avalie com calma considerando vários elementos que serão importantes para seu negócio e tome uma decisão com base em bastante informação e conversa com essa pessoa.

E você? O que pensa sobre esse tema? Escreve aqui nos comentários que estratégias ou dicas você recomenda para desenvolvermos um relacionamento produtivo com os sócios. Compartilhe conosco suas vivências!

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Comentários

  1. Extremamente pertinente este tema do sócio. Tenho experiências ruins e boas, e nas ruins aprendi que em várias situações eu fui sócio ruim. Porém não vi isso logo. Precisei ouvir muito Feedback mesmo sem querer, ou seja, não gosto de ouvir dos meus pontos negativos, mas sei que é necessário e até vital. Sua abordagem do tema é muito feliz e cirurgicamente me fez refletir de novo sobre como estão meus sócios nos projetos. Hoje contabilizo duas separações que preservaram as amizades e também tenho dois novos sócios, bem exigentes e sistemáticos (o contrário do meu perfil). Eu hoje posso contar com mais organização e eficiência pois os sócios cuidas dessa parte. Show! Obrigado e parabéns pela abordagem provocativa.

  2. Parabéns Ely pela abordagem. Suas considerações fazem sentido. Uma delas da complementariedade.
    Outra também importante diz respeito ao registro documentado de atribuições, responsabilidades etc.
    Muitas sociedades acabam mal, justamente por esse aspecto de desorganização.
    No aspecto da integridade e do caráter do sócio, julgo algo muito sério. Descobrir antecipadamente esses traços permite – se negativos, simplesmente evitar a celebração da sociedade e, com isso, os problemas que fatalmente virão. Portanto, uma pesquisa e levantamento da personalidade e do caráter do futuro sócio é vital para encontrar a pessoa certa e, com isso, garantir maior probabilidade de sucesso.

    1. Boa colocação sobre a pesquisa do caráter. Vale a pena investir um pouco mais de tempo para conhecer melhor e avaliar se essa pessoa trará o que necessitamos para nosso negócio, de acordo com os valores que nos propomos a trabalhar.