Coelhinho da Páscoa: deixa, se quiser, compro eu o meu ovo!
Sexta-feira que antecede o domingo de páscoa. Você, na verdade, as duas de você – a mulher e a empreendedora – pensam, ainda hoje, em quem falta enviar chocolates pois todo o mundo assim o faz, a despeito de qualquer significado que a data tenha para você. Mas, a saga está apenas começando!
“Todo o mundo…” martelando as ideias e você checa as redes sociais para ver o que estão consumindo no momento. Confere a lista mais uma vez, orça com fornecedores talentosos e artesanais do meio, olha nas lojas especializadas e de renome as edições especiais para a lista vip dentro da lista, se lembra de pedidos e alertas que passeiam entre o sem lactose, sem glúten, zero açúcar e etc. Porém, não basta o mimo, tem que embalar. Ah, mas tem que ter dedicatória. Puxa, faltou o cartão! Por fim, cadê a inspiração para escrever algo ante o cansaço? E quem vai levar tudo isso em tempo? Chama moto-boy, ufa! Não, espera, se forem ovos, chegarão todos quebrados ou derretidos nesse calor!
Eis aqui a nada gloriosa história da maioria de nós. Chocolates comprados, você presenteou com o seu melhor e possível cada uma dessas pessoas. De cá, a psicanalista observa e espera, na surdina, que você se pergunte o que de fato está investido, estilo domingo de crianças seguindo pegadas de coelhos, atrás de bombons, ovos e pelúcias.
Sabe o porquê? Cada vez mais, a vida oferta chances de romper com alguns padrões que não lhe sirvam mais. Investir no pós-venda e experiência ao cliente na semana santa podem ser uma singela mensagem acompanhando voucher de duração limitada ao período. Nas relações pessoais, colocar sua preciosa afetividade onde é importante. Há 20 anos ouço que um ovo de páscoa pesa o mesmo que a maioria das barras de chocolate, que custam 5x menos. Da minha poltrona, retruco na hora, perguntando o que é empatia, por exemplo. No diálogo, pois o processo terapêutico é educativo também, advirto que se não estiver bom para todo mundo, não estará bom para ninguém.
“Coelhinho da páscoa, que trazes pra mim?”. Eu lhes respondo, já que puxei a pergunta, que esse ano e em 2022, o coelhinho tem me trazido um imenso exercício-teste de capacidade de solução de problemas, bem como a chance de testar novas formas de trabalhar, pois o ano laboral de fato começa após o carnaval. Tem sido delicioso como chocolate com pistaches, mas isso nem de longe significa que é fácil ou rápido.
Como gosto muito da arte para explicar a vida, me despeço com as palavras de Fernando Pessoa no livro do desassossego: “a habilidade em construir sonhos complexos fez-me criar obstáculos inúteis na vida”.
Um grande abraço, aproveite esse dia de feriado, feliz páscoa para quem a celebra e até a próxima semana.
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