As mulheres e a inteligência artificial – desafios e oportunidades

Mulher com laptop analisando dados digitais sobre inteligência artificial, representando a presença feminina no setor de tecnologia.

Que a Inteligência Artificial se tornou uma das áreas mais promissoras no campo da tecnologia, nós já sabemos. No entanto, assim como em outros setores tecnológicos, a participação das mulheres nesse campo ainda representa um desafio, pois são pouco representadas no setor da computação e da codificação.

Segundo dados da UNESCO, as mulheres representam apenas 12% dos pesquisadores de IA e 6% dos programas em todos o mundo, incluindo as áreas de Ciências, Matemática e Engenharia.

Mesmo tendo 20% de engenheiras registradas nos CREAs do Brasil, que é uma formação técnica, especificamente nas áreas de tecnologia da computação e afins esse número é bem pequeno, cerca de 13%. E quando fazemos o recorte por classe social, aproximadamente 53% fazem parte das classes A e B, o que pressupõe certa desigualdade social.

Apesar dos avanços femininos em várias áreas, a tecnologia, especialmente no setor da IA, continua sendo dominada por homens. A escassez de mulheres nessas áreas tem raízes em questões culturais e sociais, que começam desde a educação básica.

Estereótipos de gênero que associam a tecnologia ao universo masculino desencorajam meninas a seguirem carreiras técnicas nas áreas das ciências exatas.

Além disso, a falta de modelos femininos em cargos de liderança tecnológica também contribui para a falta de visibilidade e inspiração para novas gerações de mulheres.

Mesmo tendo mulheres inspiradoras como Augusta Ada King, que em 1843 criou o primeiro programa de computador ou a cientista Grace Hopper que, por volta dos anos 1940, inventou a primeira linguagem de programação, o COBOL, o número de mulheres nas áreas de tecnologia não avançou, se comparado a dez anos atrás, pelo contrário, caiu 2,4 pontos percentuais e é o segmento com menor presença feminina entre todos os cursos analisados pelo IBGE.

Embora as mulheres representem uma parte pequena da força de trabalho na IA, as que estão nesse campo têm desempenhado papéis fundamentais no desenvolvimento de algoritmos, softwares e sistemas. Uma das principais questões que surgem nesse contexto é a necessidade de diversidade de gênero no desenvolvimento de IA. Sem uma representação equitativa de mulheres e outros grupos marginalizados, os algoritmos podem reproduzir preconceitos e discriminação.

Mas nesse contexto ainda é possível se identificar oportunidades. Algumas já existentes e outras a se investir.

As mulheres desempenham um papel importante como usuárias e consumidoras da inteligência artificial. A IA está presente em diversos aspectos do cotidiano das mulheres, desde assistentes virtuais como Siri e Alexa, até aplicativos de saúde e bem-estar que utilizam IA para personalizar recomendações e monitorar condições de saúde. As áreas de educação, marketing, design e segurança pública também trazem à tona questões sobre como esses sistemas podem ser usados para melhorar a vida das mulheres

Felizmente, há diversas iniciativas e movimentos que buscam aumentar a participação feminina na IA e promover uma maior igualdade de gênero no setor. Organizações como a Women in AI, Girls Who Code e a AnitaB.org trabalham para incentivar e apoiar mulheres jovens e profissionais a entrarem e se destacarem no campo da IA. Além disso, universidades e empresas estão começando a perceber a importância de criar ambientes inclusivos, onde mulheres possam não apenas aprender, mas também liderar no desenvolvimento de novas tecnologias.

No Brasil, iniciativas como a Cientistas Feministas e a Mulheres na Computação têm ganhado destaque, oferecendo apoio a mulheres interessadas em tecnologia e ciência, além de promover eventos, workshops e programas de mentoria.

Todos concordam que é importante trabalhar a conscientização feminina desde o ensino fundamental, com o objetivo de desconstruir o estereótipo de gênero. É fundamental que a educação em tecnologia comece desde cedo, incentivando meninas e mulheres a se interessarem por áreas como programação, ciência de dados e IA.

As políticas públicas e as empresas também precisam criar mais oportunidades para que as mulheres ocupem cargos de liderança e tomem decisões sobre como as tecnologias serão desenvolvidas e aplicadas. A relação das mulheres com a inteligência artificial está em um momento de transformação. Embora as mulheres ainda enfrentem desafios significativos para se inserir e se destacar nesse campo, já existem avanços notáveis e muitas oportunidades para um futuro mais inclusivo.

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