A inteligência artificial na produção de alimentos

A tecnologia sempre esteve envolvida na produção de alimentos e não é de hoje. Desde a melhoria de processos produtivos, nas boas práticas de produção de alimentos, na qualidade química de produtos, no melhoramento genético de espécies, na biotecnologia utilizada na preservação e criação de novos alimentos.

Um mercado que movimenta bilhões de dólares em estudos e pesquisas no desenvolvimento de novos produtos de forma mais assertiva, eficiente e com aceitação pelo mercado.

Recentemente a Inteligência Artificial vem revolucionando a formulação de produtos alimentícios, por meio de algoritmos avançados capazes de otimizar o processo de desenvolvimento de novos alimentos. Um exemplo dessa inovação são os alimentos 100% baseados em plantas. São carnes, queijos, sucos, sorvetes, entre outros, produzidos totalmente através de um mix de vegetais que replicam o sabor do produto que será replicado – carne, por exemplo.

Eu mesma já experimentei um “café caramelo” elaborado a partir de óleo de coco, suco de abacaxi, proteína de ervilha, suco de repolho e, obviamente café. Se você tiver a curiosidade de ler a relação dos ingredientes, antes de tomar a bebida é capaz de recusá-la. São tantos produtos que você não faz nem ideia de que sabor a mistura poderá produzir. Pois é a AI criando produtos e sabores através do cruzamento de informações físicas, químicas e biológicas.

Para os pesquisadores, essa é a grande saída para alimentar o mundo, até 2030, visto que a proteína animal até lá estará escassa. A previsão da FAO é que até 2030 haverá 2 bilhões de pessoas a mais e uma demanda 60% maior por alimentos. E como alimentar essa população? Através da tecnologia e da AI.

A AI tem ajudado na criação de novas receitas e formulações, pesquisando sabores, texturas, cores e valor nutricional. A proposta é permitir a criação de novos produtos  de forma mais rápida e econômica, reduzindo desperdícios ao longo da cadeia de fornecimento.

A utilização da Inteligência Artificial, também, promoverá práticas agrícolas mais sustentáveis e com baixo impacto ambiental. Essa é a proposta de uma das várias empresas que já utilizam a AI em seus processos, a NotCo – empresa chilena que criou o software Giuseppe, para formular alimentos do dia a dia com base em produtos vegetais.

Se hoje temos cerca de 900 milhões de pessoas passando fome no mundo, imaginem daqui a 7 anos. E esse momento está próximo.

Nessa transformação profunda na produção de alimentos modificados, não se pode deixar de pensar nos desafios éticos e sociais associados a essa revolução tecnológica. O uso da automação gerando desempregos; decisões tomadas por algoritmos alterando formulações; e a possível perda de privacidade de produtores agrícolas e pesquisadores de alimentos, visto que a AI tem acesso a informações inimagináveis pelo ser humano.

Nós, humildes mortais não fazemos ideia do que virá. O nosso desejo é que os benefícios desse processo sejam produzidos de forma justa e equitativa para a sociedade.

Artigos relacionados

Comentários