A medicina nas redes sociais

Vocês já observaram a quantidade de médicos que estão nas redes sociais? Na verdade, não só médicos, como inúmeros outros profissionais da saúde. Cada um deles trazendo fórmulas perfeitas para curar doenças e melhorar a saúde e bem-estar dos usuários.
Refletindo um pouco sobre essa inovação, sou de um tempo em que, para se tornar famoso, um médico tinha de tratar de vários pacientes, com resultados positivos, até ganhar notoriedade. A sua fama era divulgada através da boca a boca e se perpetuava por anos. Hoje, tendo uma boa apresentação pessoal, bom conteúdo e poder de persuasão, um médico, bem como qualquer outro profissional pode se tornar famoso e notório em sua especialidade, em questão de minutos, com alguns cliques e likes.
Mas por que falar da profissão médica? Porque ela levanta preocupações sobre a quantidade de conteúdos “jogados” nas redes sociais, em que alguns deles são apresentados sem o devido reconhecimento legal. São chás, medicamentos orais e injetáveis, dietas, atividades físicas e uma infinidade de outros procedimentos, que deixam o leitor confuso e indeciso.
Sabemos que este é um assunto bastante delicado e, por não ser da área da saúde, não posso afirmar o que deve ou não deve ser recomendado. Mas o que nos assusta, como leitores e até usuários, é a quantidade de terapias e receitas que prometem milagres em curto intervalo de tempo. E o bom senso, neste caso, é muito importante.
Como estamos vivendo em um mundo ansioso, ágil e de superexposição, o que promete dar resultados rápidos é o que ganha fama e adesão. Mas quando se trata de saúde, todo o cuidado é pouco. Sem um contexto clínico, uma recomendação que parece segura pode se tornar perigosa. Aquilo que serve para uma pessoa pode ser ineficaz ou até prejudicial para outra.
Nenhum vídeo curto ou post viral substitui uma consulta presencial com um profissional capacitado. O diagnóstico médico depende de uma análise detalhada que envolve exames, histórico de saúde e acompanhamento
Outro aspecto preocupante é a crescente presença de conteúdos patrocinados disfarçados de orientação médica. Muitos influenciadores promovem produtos de saúde, como suplementos, cosméticos e dispositivos médicos, sem deixar claro que estão sendo pagos para isso. Essa prática pode confundir o público e levar à automedicação ou ao uso de produtos sem eficácia comprovada.
Mas como se proteger dessa enxurrada de informações?
- Desconfie de soluções milagrosas: Se parece bom demais para ser verdade é bom checar a informação com quem tem conhecimento do assunto.
- Procure fontes confiáveis: Prefira canais oficiais de instituições de saúde e profissionais reconhecidos.
- Evite automedicação: Nunca inicie um tratamento baseado apenas no que viu nas redes sociais.
- Consulte um profissional: Sempre que tiver dúvidas ou sintomas persistentes, procure atendimento médico.
A popularização das redes sociais trouxe benefícios ao democratizar o acesso à informação, mas também exige responsabilidade de quem compartilha e de quem consome esses conteúdos. Cuidar da saúde de uma pessoa exige conhecimento e cautela. Adotar uma recomendação só valerá a pena se ela for segura, embasada e compartilhada com responsabilidade.
A vida é o nosso maior bem. Cuidemos dela com responsabilidade.
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