Somos uma grande teia no mundo

Respiramos o oxigênio do planeta.

Nos alimentamos das produções em larga escala, do arroz ao cupuaçu.

Caminhamos diuturnamente por estradas e avenidas que nos conduzem aonde precisamos ir.

Nos vestimos por milhares de pessoas que tecem os trajes de todos os povos.

Muitas mãos, de diferentes etnias, estão presentes em tudo que a gente come, que a gente usa, que a gente consome na nossa esfera única e singular do viver a cada dia.

Não importa se o nosso entorno é uma cobertura ou uma quitinete. Tudo ao nosso redor carrega inúmeras impressões digitais diferentes da nossa. Muita gente a cada segundo está contribuindo para o meu e o seu coabitar.

Nossas dívidas de agradecimento ganharão juros espantosos se não desenvolvermos esta percepção. Há uma cadeia humana ativa, colaborando com cada uma de nós.

Fazer junto e considerarmo-nos é uma questão de princípios. É a fila viva que se organiza para ir passando de mão em mão, galões de água mineral para os nossos irmãos do Rio Grande do Sul. Essa fila é o princípio digno que nos humaniza pelas telas da TV, o chamado escancarado para o exercício da compaixão. Uma catástrofe que faz muita gente querer estar lá para ajudar de alguma forma, pagando os títulos da gratidão através de atitudes de amor. Cumprimento do débito para com a humanidade. Posicionamento desperto, com todos os sentidos acionados para as necessidades do outro, sem nenhuma distinção, usando a inteireza da alma. Preenchimento de vozes que acalentam, de braços que embalam, de mangas arregaçadas para a retirada da lama do chão onde todos pisam. Instinto, inconsciente ativado, voz humana para voz humana. Retenção e prática do bem.

No processo de nos autoconhecer continuamente, existem dois tipos de desafios: aqueles que nos pertencem individualmente e aqueles circunstanciais, que independem da nossa vontade e que “aparecem” para nos sacudir. Para todos eles, existe a consciência sobre as realidades que nos circundam, seja numa esfera bem particular ou em uma esfera macro, onde está inserido o nosso ecossistema evolutivo.

Tragédias são tragédias. Dramas inesperados que nos suscitam terror e piedade. Não temos como intervir, temos como solidarizar.

Ajude os sobreviventes da tragédia. Faça um pouco mais: sob o impacto deste acontecimento tão devastador, reflita sobre o que é servirmos uns aos outros. Para que você usufrua da vida diariamente, há uma rede de cooperação universal atrelada à sua capacidade de expansão individual.

O chuveiro quente.

A casa arrumada.

O vestido no cabide.

As frutas na geladeira.

O arroz no seu prato todos os dias.

Tudo depende de mais alguém que não é você.

Somos uma grande teia no mundo.

Beijo beijo
Cláudia Andrade

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