Estrangeirismo no nosso vocabulário
Olá, leitora Donadelas.
No final de outubro, em nosso grupo de colunistas do Donadelas a nossa querida Claudia Andrade sugeriu um artigo falando do vocabulário em inglês, que “invadiu” nosso idioma e que, muitas vezes, nos deixa confusas ao tentar entendê-lo.
Eu mesma, há alguns meses, preparei um glossário de termos em Inovação, que fazem parte do nosso dia a dia, em que 80% deles são na língua inglesa.
Assim, fui buscar algumas informações com professores da língua portuguesa e com nosso grande buscador palavras na internet, para contextualizar este artigo. Em minhas conversas e leituras, praticamente todos falaram do estrangeirismo que há muitos anos invadiu o nosso idioma. Aliás desde o nosso descobrimento.
Aliado ao estrangeirismo temos ainda a dinâmica das línguas faladas no mundo e, especialmente a nossa, que já nasceu do idioma português, africano e indígena.
Dessa forma, percebemos o quanto a língua brasileira é diversa e dinâmica. Se considerarmos ainda os povos que migraram para o país, nas épocas da colonização e da segunda guerra mundial, essa dinamicidade se torna ainda maior, provocando inúmeras variações linguísticas.
Na verdade, toda língua é dinâmica, pois vivemos em uma sociedade global. Mas aqui quero abordar sobre os termos em inglês ligados às áreas de tecnologia, inovação e marketing, que são os possuo melhor conhecimento.
Certamente que vocês, sem que percebessem, já utilizaram vários temos em inglês quando tratavam de negócios, marketing e inovação. Já deram feedbacks a alguns clientes ou colaboradores, já solicitaram briefing ou mesmo branding a alguma agência de marketing e publicidade. E aí vamos de coach, commodity, CEO, deadline, fast-food, dentre tantas outras.
No campo da inovação o número de termos é ainda maior: pitch, AI, ToT, startups, design thinking, deep learning e outros mais. Eles estão tão integrados à nossa vida e ao nosso vocabulário que o corretor do celular ou do Word já não os identifica como redação errada. Alguns deles já se tornaram verbos, como por exemplo gamificar – transformar em games (jogos) processos de atendimento ou questionários. Eu mesma os utilizo demais.
Na verdade, tudo tem sua explicação no estrangeirismo (introdução de palavras, expressões ou frases de outra língua ao nosso vocabulário), que é bastante comum na cultura brasileira, como falei acima. Soma-se a esse aspecto, o fato de o inglês ser a principal língua utilizada no mundo, quando se trata dos temas de marketing, tecnologia, moda e negócios ou business. E de termos ainda, adotado o modelo americano de administração de negócios, em meados do século passado.
Especialmente na temática da inovação e da informática existem palavras e expressões que não possuem tradução adequada à nossa língua e acabaram sendo incorporadas ao nosso vocabulário.
Segundo o professor Alexandre Bandeira, diretor de Inovação da empresa Harpio, não temos muito o que reclamar. “O jeito é tentar estar sempre por dentro dos termos usados….e utilizá-los de forma adequada”, afirma o professor.
A afirmação acima encontra apoiadores e contestadores do intensivo uso de termos em inglês ou de outros idiomas, em nosso vocabulário. É um tema polêmico e que ainda vai permanecer por alguns anos.
A verdade é que não há muito como escapar do estrangeirismo, principalmente quando se trabalha em multinacionais ou se lida com negócios inovadores. O importante é entender o significado de cada termo e utilizá-lo no momento certo.
É ainda de grande importância conhecer o público com quem você, empresária, está lidando. A depender do momento e do interlocutor, a tradução do termo é adequada, para melhorar o entendimento e facilitar o diálogo.
Como afirma o professor Alexandre, certo ou errado, não temos como escapar do estrangeirismo. O que deve valer para nós é o bom senso na utilização dos termos a alguns públicos.
Encerro o meu artigo contando um fato ocorrido comigo no interior do Maranhão.
Estava eu reunida com um grupo de 30 produtores rurais, com parte do grupo semianalfabeto ou analfabeto funcional. Após ter proferido a palestra, na linguagem adequada para eles, eu pedi que me dessem o “feedback” sobre o encontro. Todos ficaram parados me olhando e, depois alguns segundos, um deles levantou a mão e disse que não havia entendido a pergunta e se eu estava procurando o “filho de Beto”. Beto era um dos produtores que não estava na palestra naquele dia. Fiquei envergonhada, me desculpei e traduzi o termo.
Parece uma situação cômica, mas me alertou o quanto devemos estar atentos aos termos em inglês ou outros idiomas utilizados para determinados grupos.
Dica: Na internet existem glossários com a tradução de diversos termos em inglês, incorporados ao nosso vocabulário.
Sucesso!
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