Monólogo Virtual
Você fala sozinha quase o tempo todo. Publica nas Redes o que acontece dentro de casa, no trabalho, nos bastidores do mundo real e nada. Muitas indagações sem respostas, relacionamentos estacionados, solidão em smartphones cheios de gente.
Quantas caixinhas de perguntas você produziu hoje nos seus stories? Quantos conteúdos relevantes, para enriquecer os seguidores? Está cumprindo direitinho a cartilha da interação avançada?
Há um apelo em grande brado, enfeitado pelos posts modernos e memes mais divertidos: “curtam, comentem, compartilhem, salvem, leiam a legenda…” só falta acrescentar: “pelo amor de Deus”, porque quase sempre a prática é a do monólogo virtual. Muitos meios de comunicação para dizer pouca coisa boa que faça sentido.
Acalme-se. A falta de comunicação não é só com você, por mais que se tente vender esta fórmula do encontro perfeito entre as almas que se complementam nas contas virtuais. O terreno do vizinho não está mais florido que o seu, há um grande condomínio vazio de interlocuções consistentes.
As pessoas interagem pouco mesmo, salvo alguns dialetos: “top, show, uaus, palminhas e olhos de coração…” Pode estalquear as contas que você vai ver. Até a Monja Coen tem insólitos comentários, diante da sua grandeza. Um universo de pessoas minguadas, quando se investiu tanto tempo em palavras, vídeos, conversas, relacionamentos virtuais.
Também cabe aqui desconsiderar como diálogo os xingamentos, que por várias vezes ganham evidente destaque e são objetos de muitas réplicas e tréplicas; dando um certo volume nas contas.
Se debruçar para falar mal do outro é conduta rasteira. Não é elegante maldizer de ninguém, porque todos nós falhamos e aprendemos todos os dias. Olha para a sua própria história e verá. Não deixe que seus dedos sejam os seus piores inimigos, digitando estapafúrdias nas contas alheias.
Nesta vitrine das mídias, o que se deseja realmente saber é se a pessoa está gostando do seu produto, do seu serviço; se faz sentido o que você está dizendo ou não, gente se conectando com gente. Expressar essa curiosidade e empatia, construindo um movimento revolucionário.
No reino dos ecossistemas virtuais ainda não encontramos o jeito certo de nos dar as mãos, ler, ouvir e falar, mas com esperança avançaremos.
Até lá continuaremos postando…
Beijo beijo.
Comentários