Responsabilidade de sermos inclusivas e inovadoras
É impossível para uma defensora da equidade de gênero na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, não falar sobre o tema. Afinal, embora sejamos mais de 51% da população, ainda não somos representativas no mercado de trabalho e muito menos em espaços de poder.
Estudo sobre o tema desde 2015 e naquela altura pesquisas indicavam que em 2025 teríamos um mundo mais justo entre homens e mulheres, nem que o fosse no mercado de trabalho. Em julho de 2019 esse cenário foi reprojetado para 2030 segundo o IPEA- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, quando anunciou que a participação de mulheres no mercado de trabalho brasileiro deveria subir mais que a masculina. Só que o IPEA não contava com uma pandemia no ano seguinte.
Em setembro de 2020 o próprio IPEA divulgou a triste marca da menor participação feminina no mercado nos últimos 30 anos, ou seja, retrocedemos 3 décadas.
No mundo pré pandemia a aposta era que com mais anos de estudos, e a maioria no ensino superior, nós mulheres nos tornássemos a mão de obra mais bem qualificada e, por consequência, mais bem remunerada. Só que a realidade é bem outra.
Nos dois últimos anos tivemos o maior afastamento de mulheres do mercado de trabalho das últimas 3 décadas, o aumento foi de 16% em relação aos anos anteriores e os homens 12%. A média global é de 14%, ou seja, estamos acima da média global.
Sei que você deve estar pensando, “mas aumentou o número de mulheres empreendendo”, o que já falei por aqui, mas a questão é que empreendemos por necessidade e não por vocação. E isso faz muita diferença, afinal muitas investiram tudo que tinham (e o que não tinham) num negócio sem planejamento, estudo de mercado e até mesmo sem o real desejo. E olha que eu acredito que mesmo você começando do jeito “torto”, mas quando é sua vocação você vai em busca do conhecimento e consegue gerenciar o negócio com profissionalismo.
Outra grande perda das mulheres foi o fato de que com o trabalho em home office aumentou a jornada invisibilizada e não remunerada da mulher o que acarretou problemas como aumento de sintomas de depressão, ansiedade e estresse e, como se não bastasse, muitas mulheres perderam sua rede de apoio durante a pandemia.
Claro que os números e dados podem parecer desanimadores, afinal não é fácil pensar num retrocesso de 3 décadas, mas a discussão vem exatamente para ressignificar e transformá-los em impulsionadores. Eu acredito que o empreendedorismo é um caminho possível para transformar a realidade de milhões de mulheres mundo afora, afinal temos desenvolvido competências durante a história muito importantes em momentos de crises.
E o SEBRAE e a FGV comprovaram isso quando levantaram dados que mostram que a mesma pandemia que tirou mais mulheres do mercado de trabalho impulsionou o empreendedorismo feminino, mostrando nossa capacidade e maior agilidade em implementar inovações em nossos negócios durante a pandemia.
Diante deste cenário é que coloco nossa responsabilidade de sermos inclusivas e inovadoras. Enquanto empreendedoras temos a responsabilidade de conhecermos os números para atuarmos como verdadeiras líderes em nossos negócios. Afinal, mulheres já enfrentam desafios tão ultrapassados:
- Responsabilidade pelo lar e filhos
- Ganhar 78% do salário pago aos homens
- Ter pouca representatividade em espaços de liderança e poder
- Não ser devidamente representada por políticas públicas especificas
- Sofrer com toda forma de violência: física, psicológica, patrimonial…
- Provar que mais que um rosto bonito
Que tal você no seu negócio ou no seu trabalho começar a ajustar alguns comportamentos:
- Quando for contratar não fazer aquela pergunta: você ainda pensa em engravidar? Lembre-se toda mulher tem o direito de engravidar, inclusive você.
- Quando ouvir alguém falando sobre uma mulher pelas costas, não estimule, cale-se. Dê a ela o direito de dar sua versão.
- Não concorra com outra mulher, concorra com outra profissional tão competente ou mais que você.
- Não compare o estereótipo, cada uma é linda do seu jeito.
- Respeite outras mulheres.
- Admire outras mulheres.
- Seja exemplo para outras mulheres.
Desejar o bem e o sucesso da outra não diminui você em nada, o que te diminui é quando todas são diminuídas. Então, quando fortalecemos uma, fortalecemos todas. Ainda há muitos espaços para conquistar, mas hoje o desafio é reconquistar, mas para isso precisamos nos preparar para saber como, quando e por onde, então comece aí dentro de você e do seu negócio.
Feliz Dia Internacional da Mulher Donadelas!
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