Você pode tudo mesmo?

O mundo do pode tudo está te convidando o tempo todo a mergulhar de cabeça nesta ideia: Você pode ser tudo o que quiser ser!

Pode mesmo?

Estou novamente reflexiva sobre isso, querendo aprender junto com você, um pouco mais sobre nós e a vida cotidiana…

Se você plantar uma semente de limão, vai nascer uma mangueira?

Se você é uma excelente professora, poderá construir um prédio, se quiser?

Um gato poderá virar uma tartaruga?

Por que só existe uma pessoa de cada no planeta?

O apelo em todas as formas de comunicação é o de que você pode. Talvez até eu já tenha embarcado nessa promessa e dito aqui nesta coluna que você pode sim.  Mas pode mesmo?

Deixo claro, que não estou trazendo com esta conversa, questionamentos sobre processos de evolução ou aperfeiçoamento de quem você é. Nem tão pouco, dizendo que você não pode mudar de profissão, de lugar, de comportamento. Mudar de roupa, de cabelo, de amores, de interesses, de aprendizados.

Células nascem e morrem todos os dias. Somos organismos vivos e suscetíveis a transformações. Amém!

Estou jogando o farol para a essência que está dentro de ti e só você conhece.

A que custo tem sido gravar vídeos quando você fica desconfortável, sorrir quando você quer é chorar, mostrar aquilo que você não é e não quer ser?

Muitas informações embolam o saber sobre o verdadeiro lugar no mundo, para cada pessoa. E, se descuidar, você segue feito papel na ventania, sem ideia de onde vai parar.

Há um bombardeio de sugestões que te pegam sem você nem perceber.

Na academia que frequento vi uma médica derramando lágrimas ao ser “estimulada” pela sua personal trainer para terminar um exercício pesado. A instrutora dizia: “Pode chorar agora, mas vai adorar se ver bonita depois” … Uau! Em que lugar estamos tentamos nos encaixar? E a que preço?

A certeza é a de que o encaixe está dentro e você habitualmente não olha com cuidado.

Você não ouve com atenção.

Você não experimenta sentir, porque às vezes dói e é melhor se afastar depressa deste lugar para fugir dessa dor, ou tomar um tranquilizante para passar logo.

Não tenho respostas para tantas dúvidas, mas gosto de me debruçar sobre mim mesma, expirando a mulher que mora do lado de dentro, cuidando dela e respeitando seus interesses. E descubro que não é fácil, que eu não posso tudo e que vai ficar tudo bem.

Beijo beijo.