Transição Energética e América Latina

Transição energética e sustentabilidade com turbinas eólicas ao fundo e lâmpada simbolizando inovação.

A transição energética deixou de ser apenas uma meta a longo prazo e se tornou uma necessidade urgente em nível global. Tecnologias inovadoras, políticas públicas progressivas e investimentos estratégicos estão moldando o futuro da produção e consumo de energia, especialmente na América Latina, onde o Brasil tem desempenhado um papel central. Em meio a esse cenário, 2025 se destaca como um ano-chave para acelerar mudanças estruturais no setor energético.

1- A produção local de veículos elétricos é um exemplo claro desse avanço. As vendas na América Latina dobraram em 2024, e o próximo passo será a ampliação da fabricação local, o que reduzirá os custos de importação e impulsionará a indústria regional. O Brasil e o México lideram essa iniciativa, não apenas como consumidores de tecnologias limpas, mas como futuros hubs de inovação na mobilidade sustentável.

2- O hidrogênio verde também se apresenta como uma solução promissora, com o Brasil adotando políticas de incentivo que já criaram R$ 18,3 bilhões em créditos fiscais. Esse cenário coloca a região em uma posição estratégica para atender à crescente demanda europeia por energia limpa. O desenvolvimento de hubs regionais de hidrogênio, aliado a leilões previstos pela Alemanha, poderá fortalecer a exportação de energia limpa e atrair investimentos bilionários.

3- A energia eólica e solar continuam sendo os motores da transição energética no Brasil. No entanto, desafios regulatórios e custos de importação estão desacelerando projetos de menor escala. Esse obstáculo, se não superado, poderá comprometer a diversificação das fontes de energia. Mas, com políticas regulatórias mais alinhadas, o setor pode manter seu crescimento robusto e sustentável.

4- Na Argentina, a transição energética ganhou fôlego com a reforma “Ley Bases”, implementada pelo presidente Javier Milei. O país abriu suas portas para investimentos em lítio, petróleo e gás, oferecendo benefícios para projetos acima de US$ 200 milhões. Essa estratégia visa transformar a Argentina em um fornecedor global de recursos cruciais para a transição energética, como o lítio, elemento fundamental para baterias.

5- O setor industrial também desempenha um papel crucial nessa transformação. No Brasil, contratos de compra de energia (PPAs) de fontes renováveis devem superar 2 GW em 2025, impulsionados pelo crescimento de data centers e pela demanda energética associada ao desenvolvimento do hidrogênio verde. Esse movimento não só estimula a produção de energia limpa, mas também fortalece a conexão entre tecnologia e sustentabilidade.

6- Os leilões de energia previstos para 2025 trarão investimentos significativos e destacarão o papel das baterias como solução para o armazenamento de energia. Com cinco rodadas de leilões programadas, o Brasil deverá lançar as bases para um mercado de armazenamento robusto, essencial para garantir a estabilidade do sistema elétrico e atender à demanda de pico de forma eficiente.

7- A aviação sustentável é outra área em ascensão. A Lei Combustível do Futuro, aprovada no Brasil, estabelece regras para o uso de biometano e combustíveis sustentáveis de aviação (SAFs). Essa iniciativa não só reduz as emissões de carbono no setor aéreo, mas também cria novas oportunidades econômicas para o setor de biocombustíveis, posicionando o Brasil como líder nessa tecnologia.

8- O mercado de carbono regulado no Brasil, aprovado no final de 2024, é uma peça fundamental na agenda climática. Com a previsão de estar totalmente operacional até 2030, o mercado regulado aumentará a demanda por créditos de carbono e incentivará as empresas a adotarem práticas de baixo carbono. O Brasil, ao definir os detalhes regulatórios antes da COP30, tem a oportunidade de se tornar um modelo global de mercado sustentável.

9- Falando em COP30, o evento a ser sediado em Belém do Pará é um marco na transição energética global. O Brasil estará no centro das atenções, apresentando soluções baseadas na natureza e lançando oficialmente o Tropical Forest Finance Facility (TFFF), com o objetivo de arrecadar US$ 125 bilhões para a conservação de florestas. Esse evento promete influenciar políticas públicas e atrair investimentos para projetos de energia limpa.

10- Por fim, o novo plano energético do México também merece destaque. Com a previsão de adicionar 2,6 GW de capacidade eólica e solar em 2025, o país busca acelerar sua transição energética e alcançar 6,5 GW anuais até 2030. Essa expansão pode criar oportunidades de integração regional, promovendo trocas de energia e tecnologia entre os países da América Latina.

A transição energética não é apenas uma meta; é uma jornada repleta de oportunidades para inovação, crescimento econômico e desenvolvimento sustentável. O cenário de 2025 mostra que os países que adotarem políticas proativas, investirem em tecnologia e estabelecerem parcerias estratégicas estarão melhor posicionados para liderar essa revolução. Para empresas e investidores, o momento de agir é agora, aproveitando as tendências globais para transformar o futuro energético de forma sustentável e lucrativa.

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