A COP 30 e o Desafio das Queimadas no Brasil

Estrada entre área de floresta e terra queimada, representando o impacto ambiental das queimadas no Brasil.

Há pelo menos dois meses as manchetes dos diversos canais de comunicação dão destaque às inúmeras queimadas que vêm ocorrendo no Brasil e no mundo. Assistimos incrédulos a um cenário de tristeza, sofrimento e desespero. E mesmo aqueles que não foram atingidos diretamente sofrem com o aumento da temperatura do planeta.

Dos seis biomas brasileiros constata-se que três deles estão altamente impactados: Amazônia; Cerrado e Pantanal.

O Cerrado brasileiro é o mais afetado pelas queimadas, seguido pelos biomas Amazônia e Pantanal, provocando perdas irreparáveis na fauna e flora locais. As nuvens de fumaça provocadas pelos incêndios chegam a cobrir mais da metade do território Nacional, contribuindo para o aumento de diversos casos de problemas respiratórios nos seres humanos. Um impacto ainda não medido totalmente, mas de gravidade alta.

Os eventos climáticos das três últimas semanas evidenciaram que estamos adentrando em território desconhecido, em que os danos ambientais não estão sendo sanados e muito menos mitigados.

Sozinha a Amazônia já lançou 31,5 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera entre junho e agosto, um aumento de 60% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme divulgado pelo IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. O Pantanal, até meados de setembro, teve 12,8% de sua área queimada.

A situação catastrófica pela qual o mundo passa e, especialmente o Brasil, deveria acionar todos os alarmes, já que sinaliza consequências devastadoras para a civilização. No país, os danos ambientais atingem diretamente os setores vitais da economia como a agricultura, a indústria e o turismo. Sem citar que o possível acréscimo na temperatura, que pode ameaçar a sustentabilidade e a subsistência humana.

E, em meio a este caos, lidamos com o grandioso desafio de sediar a COP 30 daqui a catorze meses em uma região que, por diversos fatores, responde de forma desordenada e lenta aos incêndios florestais.

O que dizer ao mundo sobre sua proposta de ser o pioneiro da neutralidade de carbono quando sua credibilidade está sendo posta à prova, quando se trata da proteção das florestas? Realmente é uma situação tensa e complexa, que requer esforços de todas os setores, sejam eles públicos ou privados.

Mas resta uma esperança. Ocupando a presidência da Conferência do Clima, em 2025, o país terá a possibilidade de conseguir avanços no esforço global pelo clima e liderar pelo exemplo até 2030.

As metas voluntárias ou NDC – Contribuição Nacionalmente Determinada (termo em inglês), que cada país apresentará para reduzir suas emissões de gás carbônico, serão um dos pilares da cooperação global pelo clima e devem ser apresentadas em fevereiro de 2025.

Espera-se que o Brasil seja um dos primeiros a anunciar seu plano e que ele seja ambicioso e amparado por tecnologias.

O rito propõe que em 2024, na COP 29, que acontecerá em novembro no Azerbaijão, o Brasil apresente a “versão 1” de suas metas para 2030. Mas, com todos os desafios enfrentados com os desmatamentos os cientistas temem que que o rito não seja cumprido, o que será muito ruim para a imagem do país.

Sabe-se que estabelecer metas para a extração da poluição da atmosfera requer pesquisa, criação de máquinas e desenvolvimento de tecnologias, que exigem tempo e recursos financeiros para alcançar os resultados esperados. E com tudo isso fica a dúvida: teremos tempo? Em novembro de 2025 Belém/ PA será a vitrine para a COP 30 e ainda há muito caminho a percorrer. Desejamos que os governantes e a sociedade civil façam a sua parte nessa jornada. O mundo clama!

Artigos relacionados

Comentários